Por que o Pão de Açúcar (PCAR3) rejeitou a oferta pela Éxito?

Saiba o que fazer com a ação após o anúncio

Youtube/Pão de Açúcar
Youtube/Pão de Açúcar

Por Bruno Andrade

O conselho de administração do Pão de Açúcar (PCAR3) rejeitou a oferta de US$836 milhões do colombiano Jaime Gilinski para comprar a rede supermercados Éxito, mostra documento enviado ao mercado na noite desta quinta-feira (29).

“A decisão foi por unanimidade, pois entendemos que o preço ofertado não atende parâmetros adequados de razoabilidade financeira para uma transação desta natureza e, portanto, não atende o melhor interesse do GPA e de seus acionistas”, disse a empresa.

Após a rejeição da oferta, o GPA seguirá com o processo de listagem de BDRs do Éxito para se desfazer do controle do grupo.

Na véspera, as ações do Pão de Açúcar subiram 13,18% e terminaram o pregão a R$ 18,29. O sócio da Valor Investimentos Gabriel Meira, disse ontem que a oferta poderia não ser vista como interessante por parte do Pão de Açúcar.

“Mesmo a proposta do colombiano sendo muito vantajosa em relação ao valor de marcado do Pão de Açúcar no Brasil, ela está 26% abaixo do valor de mercado da Éxito na Bolsa de Valores da Colômbia, que é avaliada em R$ 5,4 bilhões”, disse Meira.

Mercado pode não gostar da decisão do Pão de Açúcar

Ainda assim, na visão do analista de ações do TC, Malek Zein, as ações podem cair no pregão desta sexta-feira (30).

“Ontem as ações subiram forte com a oferta, eu acredito que o mercado tinha uma expectativa de aceite da oferta, e com o não, vai ficar decepcionado”, disse.

No dia anterior, Zein comentou que a proposta era muito interessante para o Pão de Açúcar, visto que ao converter o valor oferecido de dólar para real, a quantia oferecida chegava a R$ 4 bilhões, que era o valor de mercado de todo o Grupo Pão de Açúcar, incluindo a rede Extra, Éxito e Pão de Açúcar.

“Ou seja, se o Pão de Açúcar aceitasse a proposta é como se toda a rede supermercados brasileira saísse de graça”, disse Zein. Esse foi o fator principal para a ação ter uma alta expressiva no dia anterior.

Já Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos, afirmou que a oferta colocaria liquidez relevante e de forma rápida para o GPA, que opera com cerca de R$3 bilhões de dívida líquida.

“A proposta também foi feita em um momento em que o GPA luta com a recomposição de margens, com sucessivos prejuízos acumulados nos trimestres anteriores”, disse Costa.

Ele comenta também que o Pão de Açúcar tenta tracionar no Brasil seu novo modelo de negócios, focando em supermercados premium. Porém, a estratégia enfrentou dificuldades nos últimos trimestres, com reduções de preços no mix de vendas sendo realizadas para competição com outros segmentos, como o atacarejo.

“Agora, com a recusa da oferta, o GPA deve dar prosseguimos no processo de spin-off do Éxito, que também se estende de forma lenta por vários trimestres. Dado o contexto, seguimos com recomendação neutra no papel”, concluiu Costa

Por fim, os analistas da XP Investimentos pediram cautela para o investidor, pois não acreditam que a ação vai se valorizar no médio e longo prazo.

“Mantemos nossa recomendação Neutra por não vemos muito espaço para reavaliação dos níveis atuais de preços, assumindo uma margem líquida normalizada ainda abaixo de 1% para 2024 e um múltiplo alvo de Preço/Lucro de 7- 8x para o GPA Brasil”, disseram Danniela Eiger, Thiago Suedt e Gustavo Senday, que assinam o relatório.