Por Bruno Andrade
“A rede de supermercados Assaí (ASAI3) é muito mais rentável que o que Pão de Açúcar (PCAR3) sob qualquer ótica de avaliação”, disse o analista do TC Matrix Malek Zein, nesta quinta-feira (27). A fala acontece após as duas companhias divulgarem seus balanços.
O Pão de Açúcar (PCAR3) teve um prejuízo líquido consolidado de R$ 425 milhões, resultado 146,8% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. Já o Assaí (ASAI3) viu seu lucro líquido recuar 51% indo de R$ 319 milhões para R$ 156 milhões no segundo trimestre de 2023.
“O Pão de açúcar passar por um turn around enquanto o Assaí passa pelo maior período de crescimento da sua história”, disse Zein.
O analista disse que as duas empresas estão, de modo geral, em uma situação nada fácil, mas que o Assaí já passou pelo olho do furacão. Para Zein, a empresa estava muito endividada, mas ela vem melhorando com o tempo. “Agora, o Assaí parece ter mostrado que é capaz de gerar caixa o suficiente para manter esse ritmo”, afirmou Zein.
Na visão de analistas do Santander, o Assaí pode aparentar ter apresentado apenas um resultado neutro, mas eles disseram acreditar que os números foram “decentes” se o cenário macroeconômico como um todo for levado em consideração.
A empresa conseguiu entregar bons números mesmo com a queda nos preços de alimentos e commodities, que impactou negativamente a curva de crescimento de faturamento do atacarejo nesse trimestre.
“Mesmo com esse fatores, notamos uma participação de mercado recorde e uma virada positiva nas vendas mesmas lojas (SSS) em junho. Mais importante ainda, a empresa nos surpreendeu positivamente com uma sequência melhora no consumo de caixa, principalmente pela melhor dinâmica do capital de giro”, explicaram Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo, que assinam o relatório.
O Santander possui recomendação de outperform (equivalente a compra) para o Assaí com preço-alvo de R$ 19, alta de 47,6% na comparação com o fechamento de quarta-feira (26). A Genial Investimentos também tem recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 17, potencial valorização de 32,09%.
Está tudo perdido para o Pão de Açúcar?
Mesmo que os analistas tenham uma preferência pelo Assaí, os números do Pão de Açúcar não foram ruins e a empresa pode começar a virar o jogo. Para Malek Zein, do TC Matrix, as vendas nas mesmas lojas do Pão de Açúcar foram um fator importante para a empresa ter uma receita de R$ 4,7 bilhões, alta de 13,5%. “Nesse quesito o Pão de Açúcar foi melhor que os pares”, explicou Zein.
Segundo os analistas da XP Investimentos, o mercado já esperava que o Pão de Açúcar teria um prejuízo milionário, com a rentabilidade pressionada por ajustes operacionais.
“A lucratividade foi pressionada por contingências trabalhistas, despesas financeiras e resultados da Cnova (empresa de e-commerce do grupo Cassino que atua nos Países Baixos na qual o GPA tem participação de 34%)”, disseram Daniella Eiger, Thiago Suedt e Gustavo Senday, que assinam o relatório da XP.
Eles comentam ainda que a geração de caixa foi positiva em R$ 724 milhões devido à melhoria dos resultados e controle dos níveis de investimentos.
Para os analistas da Genial Investimentos, a questão macroeconômica vem melhorando para o modelo de negócio do Pão de Açúcar, visto que, com a desaceleração dos alimentos, a companhia voltou a captar alguns clientes que estavam migrando para o modelo de atacarejo.
“Isso já é refletido nos números do GPA nesse trimestre, com a captura de novos clientes e crescimento da base Premium & Valiosos – também impulsionada pelo novo programa de fidelidade e a retomada da frequência de compras mensais”, explicaram Nina Mirazon e Iago Souza.
A Genial Investimentos foi benevolente com a empresa e preferiu dar um voto de confiança.
Os analistas mudaram a sua recomendação de neutra para compra. Nina Mirazon e Iago Souza calculam um preço-alvo de R$ 27 para o ativo, alta de 24,6% na comparação com o fechamento de quarta-feira (26).