Marfrig tem prejuízo no 4ºtri, com recuo de margem nos EUA e impacto da BRF

O frigorífico apurou prejuízo líquido de R$628 milhões, revertendo lucro de R$650 milhões registrado no mesmo período do ano passado

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Por Artur Horta

A Marfrig, segunda maior produtora global de proteína bovina, registrou prejuízo no quarto trimestre de 2022, diante de piores resultados na operação da América do Norte e com impacto da participação que detém na BRF.

O frigorífico apurou prejuízo líquido de R$628 milhões, revertendo lucro de R$650 milhões registrado no mesmo período do ano passado, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira.O número considera o resultado da BRF, controlada pela Marfrig desde abril de 2022, que ontem anunciou um prejuízo de R$956 milhões relativo ao quarto trimestre.

A receita líquida consolidada da Marfrig avançou 56,2%% em um ano, para R$37,40 bilhões, enquanto o lucro operacional aferido pelo EBITDA ajustado recuou 46,8%, para R$2,22 bilhões.

Se considerado o EBITDA ajustado apenas das operações da Marfrig, a cifra teria sido de R$1,28 bilhão, com uma queda de quase 70% na base anual e ficando levemente abaixo do consenso Mover de R$1,48 bilhão.

O frigorífico de Marcos Molina atribui as perdas à “a normalização das margens na Operação América do Norte e pelo impacto limitado à nossa participação de 33,27% no resultado da BRF”, de acordo com trecho do balanço.

O EBITDA da divisão da América do Norte, onde a Marfrig opera por meio da subsidiária National Beef, recuou 81,1% no comparativo anual, a R$751 milhões. No período, a margem saiu de 22,2% para 4,7%.

Segundo especialistas consultados pela Mover, os Estados Unidos têm passado por um ciclo pecuário de maior restrição de oferta de animais para abate, o que tende a elevar as cotações do boi gordo e pressionar o custo de frigoríficos. A Marfrig citou aumento de 16,9% em base anual no custo dos produtos vendidos em sua operação na América do Norte, para US$2,8 bilhões, “explicado principalmente pelo aumento médio no preço de compra de gado” e pelo maior volume de vendas.

Já na América do Sul a situação é mais favorável, tendo em vista a atual dinâmica do ciclo pecuário brasileiro de maior oferta de animais. Na divisão, a Marfrig viu o EBITDA disparar 148,1% em um ano, para R$529 milhões, com a margem saindo de 3,5% para 8,0%.

A alavancagem da companhia, dada pela relação entre dívida líquida e geração de caixa medida pelo EBITDA, encerrou o ano de 2022 em 2,99 vezes em reais, contra 1,51 vezes no final do ano anterior e 2,38 vezes ao fim do terceiro trimestre.

As ações ordinárias da Marfrig (MRFG3) encerraram o pregão em alta de 3,14%, a R$6,57. Nos últimos 12 meses, os papéis derretem cerca de 64%.