Por Erick Matheus Nery — atualizado às 21h13
A operação do Magazine Luiza (MGLU3) terminou o segundo trimestre de 2023 (2T23) com um prejuízo líquido ajustado de R$ 198,8 milhões, enquanto o consenso do mercado projetava uma cifra negativa na casa de R$ 193,9 milhões. Em meio a mais um registro negativo, a companhia buscou minimizar o “efeito Shein” nos seus números, temor que ronda o varejo nos últimos meses. Os dados foram apresentados nesta segunda (14).
“Ainda que consideremos as alterações nas regras tributárias para produtos de cross-border [produtos importados] abaixo de US$ 50, o impacto da decisão é muito limitado para o Magalu. Hoje, apenas 3% do nosso GMV está relacionado a ‘famílias’ de produtos suscetíveis a esse tipo de concorrência”, destacou a empresa no comunicado disponibilizado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Sem os ajustes, a operação amargou um prejuízo de R$ 301,7 milhões, alta de 123,5% ante o 2T22. Confira os principais números do Magalu no 2T23:
- Receita líquida: R$ 8,57 bilhões, enquanto consenso projetava R$ 8,7 bilhões;
- Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado: R$ 439,8 milhões, enquanto consenso projetava R$ 483 milhões;
- Prejuízo líquido: R$ 301,7 milhões, alta de 123,5% ante 2T22;
- Prejuízo líquido ajustado: R$ 198,8 milhões, enquanto consenso projetava cifra negativa de R$ 193,9 milhões.
No material disponibilizado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a varejista destacou um crescimento de 7% nas vendas no e-commerce ante 2T22, chegando na cifra de R$ 11 bilhões. Além disso, a queda na Taxa Selic está sendo vista com otimismo pela companhia.
“Os resultados expostos acima não contemplam esse momentum da economia. Por isso mesmo e por acreditarmos nas vantagens do nosso modelo multicanal, entramos no segundo semestre de 2023 ainda mais confiantes e otimistas”, destacou a empresa.
“A expectativa dos agentes econômicos é que esse seja o início de um novo ciclo, com cortes sucessivos da Selic, aumento do nível de confiança, do poder de compra e do crédito ao consumidor. O impacto para o Magalu é significativo, sobretudo no que se refere às vendas de bens duráveis, com tíquetes mais altos e mais sensíveis às condições do crédito. Juros mais baixos significam, em última análise, vendas em alta e inadimplência em baixa”, complementou a empresa.
ANÁLISES
Ao Faria Lima Journal (FLJ), o analista de ações da TC Matrix Malek Zein reforçou que não vê a empresa como um bom investimento e apontou o resultado como fraco. “A empresa gerou caixa operacional (FCO) no trimestre em razão de uma variação favorável de capital de giro. Apesar disso, como a expectativa é de continuidade de prejuízos vemos uma reversão para a queima de caixa como inevitável”, destacou o especialista.
“A receita líquida estável ficou estável na comparação anual, ainda que o mercado como um todo tenha tido uma desaceleração. Apesar disso, vemos o Mercado Livre em continuo ritmo de expansão, indicando que a Magalu tem perdido espaço para o Meli”, complementou Zein.