Magalu (MGLU3) tem prejuízo de R$143,4 milhões, melhor que o esperado

Empresa sofre baixa por ‘incorreções’ contábeis milionárias

Facebook/Magazine Luiza
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Por: Artur Horta

A Magazine Luiza registrou prejuízo abaixo da expectativa do mercado no terceiro trimestre, o que poderia trazer animar investidores, se não fosse pela descoberta de “incorreções em lançamentos contábeis” que levaram a um ajuste negativo de R$829 milhões no patrimônio líquido.

A maior empresa de comércio varejista do Brasil disse que, após reconhecer R$507 milhões em créditos fiscais, registrou redução de R$322 milhões no patrimônio líquido, considerados ajustes.

O grupo da família Trajano reportou prejuízo ajustado de R$143,4 milhões, melhor que o esperado pelo TC Consenso, de perdas de R$181,8 milhões, e queda de 15,7% na base anual, segundo balanço divulgado nesta segunda-feira.

Sem ajustes, levando em conta os créditos fiscais apurados, a Magalu registrou lucro líquido de R$331,2 milhões, revertendo perdas de R$190,9 milhões em igual período do ano passado.

O EBITDA ajustado foi de R$487,5 milhões, levemente abaixo do TC Consenso de R$498,0 milhões e estável no comparativo anual. Já a receita atingiu R$8,58 bilhões, em linha com o TC Consenso e queda de 2,6% no período, devido ao recuo das vendas de bens duráveis.

Apesar disso, a companhia teve uma margem bruta de 30,4%, a maior em seis anos, impulsionada pelo repasse do DIFAL (diferença de alíquota de ICMS nas vendas interestaduais) e a disparada da receita de serviços do marketplace. O indicador vendas mesmas lojas (SSS) foi positivo em 2,9%, ante -3,6% no ano passado.

INCORREÇÕES

A Magazine Luiza informou que uma apuração da auditoria identificou “incorreções em lançamentos contábeis relacionadas ao período de competência do reconhecimento contábil de bonificações em determinadas transações comerciais”.

O problema, descoberto após apuração decorrente de denúncia anônima, estava sobretudo na utilização de determinadas Notas de Débito – documentos emitidos pela companhia e assinados pelos fornecedores para o reconhecimento contábil das receitas de bonificações – sem observar com precisão o cumprimento das obrigações de desempenho em momento específico no tempo.

Diante dos fatos apurados, o conselho da Magalu determinou a correção dos lançamentos contábeis correspondentes, “que resultaram em um ajuste no patrimônio líquido da companhia no valor de R$830 milhões em 30 de junho de 2023, líquido de impostos e sem impacto no seu fluxo de caixa”, disse.

Como a empresa reconheceu mais de R$507 milhões em créditos fiscais de PIS/COFINS sobre bonificações recebidas de seus fornecedores, após decisão do Superior Tribunal de Justiça, STJ, o impacto final no patrimônio líquido foi de R$322 milhões.

A varejista deve dar mais detalhes sobre o balanço em teleconferência amanhã, às09h00.

As ações ordinárias da companhia encerraram o pregão em queda de 3,89%, a R$1,73, acumulando recuo de 37% no ano.

(AH | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)