Lucro da Vale (VALE3) deve desabar 78% no 2T23, diz Itaú BBA

Veja o que fazer com a ação após a prévia operacional

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Por Bruno Andrade

O lucro da Vale (VALE3) deve cair 77,9% no segundo trimestre de 2023 na comparação com o mesmo período do ano passado, mostra relatório do Itaú BBA enviado aos clientes nesta quarta-feira (19).

O banco calcula que a mineradora deve reportar um lucro líquido de US$ 1,35 bilhão no período entre abril e junho deste ano, contra um lucro de US$ 6,15 bilhões no ano anterior. O principal motivo para a queda é o preço menor do minério de ferro, que segundo o banco, recuou 13% no acumulado de um ano.

“No entanto, isso está dentro das nossas estimativas. A Vale reportou uma realização do preço do minério de ferro de USD 98,5/t (em linha com nossas estimativas), enquanto os preços de pelotas ficaram em US$ 160,4/ton (16% acima da nossa projeção)”, dizem Daniel Sasson e sua equipe, que assinam o relatório.

Ou seja, o recuo do preço do minério de ferro, que deve causar a baixa do lucro, já era algo esperado pelos analistas. Por isso, Sasson e sua equipe continuam otimistas com a empresa e reafirmam sua classificação de outperform para o papel, o que é equivalente a recomendação de compra.

O fator crucial para esse otimismo é visto pela expectativa do resultado operacional da empresa, que é medido pelo Ebitda (Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização). O banco espera que a empresa apresente um Ebitda de US$ 4,1 bilhões no segundo trimestre.

“Estamos confortáveis com as nossas estimativa de EBITDA de US$ 4,1 bilhões para o 2T23 (aumento de 11% no trimestre), ajudada por um desempenho mais forte na divisão de Ferrosos, mais do que compensando os resultados mais fracos no segmento de Metais Básicos”, explicam Sasson e sua equipe.

Custos pressionam a Vale

Já os analistas da Genial Investimentos comentam que a preocupação com o desempenho da mineradora são os custos, que devem continuar pressionando a lucratividade da companhia.

“Os problemas causados no 1T23 ainda devem ter efeito nesse trimestre, uma vez que consideramos ser improvável uma redução considerável de C1/t, mesmo que o trimestre esteja isento dos efeitos one-off registados no porto de Ponta Madeira (MA)”, afirmam Igor Guedes, Lucas Bonveti e Renan Rossi, que assinam o relatório.

Eles dizem acreditar que essa previsão baseia-se principalmente no reflexo de atraso observado nos volumes de vendas de inventário, que naturalmente têm um efeito de arrefecimento mínimo sobre as despesas acentuadas registadas no trimestre anterior.

“Dessa forma, esperamos o 2T23 traga para Vale uma dinâmica de um avanço muito moderado de capacidade na diluição de custos fixos em termos relativos, com o custo C1 projetado para finos em US$ 25,2”, afirmam.

Ainda assim, os analistas da Genial também mantiveram a recomendação de compra para o papel da Vale com preço-alvo de R$ 83 para o final de 2023, alta de 23,11% na comparação com o fechamento de terça-feira (18).

A recomendação dos analistas se baseia nas estimativas para a empresa no segundo semestre de 2023. Guedes, Bonveti e Rossi calculam a questão dos custos de produção estará resolvida e a empresa também terá uma melhora na produção, que será puxada por motivos sazonais.

Por fim, os especialistas argumentam que a inauguração da barragem de torto em Brucutu (MG), a empresa terá uma melhor produtividade, o que deve impulsionar os números da mineradora.

“Com essa barragem em operação, acreditamos que a Vale está pronta para elevar significativamente a qualidade de seu mix de produtos. Essa melhoria será resultado da criação de aglomerados como pelotas e briquetes na usina de Brucutu. Esses aglomerados aumentarão a concentração média do minério no portfólio da Vale e, consequentemente, trarão maiores prêmios, concluem Guedes, Bonveti e Rossi.