Por: Luciano Costa
O investidor Pedro Cardoso Novellino, que atingiu participação de 10,6% na Gafisa (GFSA3) nos últimos dias, disse à Mover que tem “um sentimento” pela construtora, e que pode aumentar ainda mais a fatia na companhia.
Desconhecido do mercado financeiro, Novellino, de 28 anos, fez dinheiro com vendas na internet e aplicações em criptoativos. Há dois anos, liquidou essas posições e foi para a renda fixa, aproveitando as altas taxas de juros brasileiras. Agora, com o início da queda da Selic, está migrando para o mercado de ações, com apostas na incorporadora fundada em 1954.
Em pregões recentes, Novellino foi comprando ações até atingir 6,7 milhões de papéis ON da Gafisa, o que aos valores de hoje representaria cerca de R$40 milhões, tornando-se um dos maiores acionistas da construtora – ao lado das gestoras Mam Asset e Esh Capital, que possuem 16% e 13,5%, aproximadamente.
“Sobre aumentar minha posição, pretendo, sim, e o Departamento de Relações com Investidores da empresa sabe disso, nos meus e-mails sempre deixei claro. Se o mercado me der a chance de comprar mais barato novamente. Dormir com bitcoin é mais assustador do que dormir com ações de uma construtora”, disse Novellino à Mover.
Ele afirmou que, a depender das condições de mercado, poderia comprar “até 15% a 20%” da incorporadora, que está apostando no mercado imobiliário de luxo.
“Sabia que a mamata da renda fixa iria acabar em breve, e precisaria me posicionar em algo. Tenho amigos que são construtores de alto padrão. Ao meu ver, o segmento melhor de se trabalhar é esse, a margem é mais alta e você trata com menos clientes”, explicou.
“Não me importei com possíveis dívidas do passado (da Gafisa). Brigas societárias. Nem nada disso. Eu andei pelo Rio de Janeiro e passei em frente às obras, falei com os corretores e os melhores imóveis estavam vendidos. Pensei: se não tem o imóvel que eu quero, vou colocar o dinheiro dele em ações da empresa”.
Novelli também afirmou ter ficado impressionado após visitar um projeto da companhia, Cyano, com 100% dos apartamentos vendidos, o mais barato deles por R$35 milhões. “Fiquei em choque, porque nunca vi nada igual no cenário de imóveis do Rio de Janeiro”, disse. “E ainda tenho um sentimento pela construtora, pois minha família e eu sempre moramos em um imóvel Gafisa”.
O investidor contou que colocou o ativo no radar quando os papéis estavam a cerca de R$4,60, e começou a comprar quando caíram a R$3,30.
“Fiz a conta e decidi comprar um percentual não definido da empresa. Comprava, comprava e meu lote não tinha um grande impacto no preço. E daí percebi que todos os dias a quantidade de vendidos descobertos aumentavam”, relatou ele, à Mover.
“Pensei assim: Bingo! Estou comprando de pessoas que nem sequer possuem os ativos. Obrigado pela liquidez. E daí fui removendo dinheiro de renda fixa e comprando Gafisa todos os dias até um preço máximo de R$5”.
Com valor de mercado de R$362 milhões, a Gafisa é uma construtora e incorporadora que tem buscado focar no mercado de alto padrão. A companhia encerrou o terceiro trimestre com prejuízo de R$65 milhões. As ações da empresa caem mais de 40% neste ano, e quase 17% em 12 meses. Em novembro, elas sobem 10,4%.
Esta reportagem foi publicada primeiro no Scoop, às 09H17 de segunda-feira (20), exclusivamente aos assinantes do TC. Para receber conteúdos como esse em primeira mão, assine um dos planos do TC.