Itaú e Bradesco "limpam" exposição à Americanas; Santander ainda corre riscos

Analistas ainda destacam que o Itaú foi o banco menos afetado pela crise da Americanas

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Por: Gustavo Boldrini

Os três maiores bancos comerciais do Brasil adotaram posturas diferentes nos balanços do quarto trimestre em relação à descoberta de inconsistências contábeis que levaram a Americanas a um processo de recuperação judicial: enquanto Itaú e Bradesco decidiram provisionar 100% das exposições a operações com a varejista, o Santander Brasil cobriu apenas 30%, abrindo espaço possíveis impactos nos resultados dos próximos trimestres.

“Podemos dizer que Itaú e Bradesco foram mais explícitos sobre o caso, mas o Santander nem tanto”, avaliou Phil Soares, chefe de análises da Órama.

Analistas destacam que o Itaú foi o banco menos afetado pela crise da Americanas, uma vez que já tinha R$1,7 bilhão em provisões para negócios com a varejista, restando um saldo de R$1,3 bilhão de despesa extra. Tito Labarta, do Goldman Sachs, disse que o risco de futuras provisões no banco para cobrir o rombo causado pela Americanas está “fora de cogitação”.

Assim como o Itaú, o Bradesco também decidiu provisionar 100% de sua exposição à varejista, mas sofreu um impacto de R$4,85 bilhões no resultado, que levou a rentabilidade anualizada sobre o patrimônio líquido ao menor patamar desde o início da série histórica iniciada em 1987, segundo dados da TC Economática.

Apesar dos efeitos pesados sobre o quarto trimestre, o sócio da Armor Capital e ‘trader’ Christian Lupinacci disse ver a postura adotada pelo Bradesco como “prudente”, uma vez que, tanto para o banco sediado em Osasco quanto para o Itaú, os únicos impactos futuros relacionados a Americanas devem ser de ordem positiva, caso a varejista pague ao menos parte das suas obrigações.

“Essa marcação das provisões é meramente contábil, o que interessa para o acionista é o que o banco realmente vai receber. Mas isso é algo que será decidido em um período mais longo”, disse Phil Soares, da Órama. Em processos de recuperação judicial, as companhias geralmente negociam uma redução da dívida total com credores como bancos, chamada de ‘haircut’, na expressão em inglês.

O Santander Brasil fez um ajuste de provisão de R$1,1 bilhão, equivalente a 30% da exposição à Americanas. Com isso, caso haja uma deterioração futura no caso da varejista, a matriz brasileira do banco espanhol ainda “ainda tem potencial de deterioração de lucros futuros”, aponto.

A crise da Americanas, deflagrada em 11 de janeiro, pesou sobre o índice do setor financeiro da B3, que acumula queda de 2,39% no ano, contra recuo de 1,44% do Ibovespa.

Nesta sexta-feira, às 11h35, os papéis preferenciais do Bradesco despencavam 7,17%, a R$12,82, enquanto os do Itaú recuavam 0,69%, a R$25,74. As units do Santander Brasil caíam 0,17%, a R$28,67.