São Paulo, 03/12/2024 – Apesar da recente deterioração das expectativas de investidores financeiros com relação a ativos brasileiros, devido à retomada do ciclo de elevação de juros e preocupações fiscais e inflacionárias, a Hapvida reiterou hoje um plano de investimentos em novos hospitais e unidades de R$2 bilhões até 2026, em “mais um voto de fé e confiança” no Brasil, segundo o CEO, Jorge Pinheiro.
Embora citando uma perspectiva macroeconômica “desafiadora”, que demanda alguma cautela, o principal executivo da operadora de saúde procurou não se envolver em debates políticos e defendeu a estratégia da companhia ao participar de evento com jornalistas em São Paulo nesta terça-feira.
“O que mais nos conforta em apresentar um plano tão audacioso como esse é que, em tempos de crescimento econômico, em que o mercado todo expande, é natural que sejamos beneficiados, assim como todos outros. Mas, em tempos de dificuldade, em que todo mundo precisa rever despesas, seus custos, nós por sermos a empresa mais acessível somos a mais beneficiada de todas”, disse Pinheiro.
“Então costumamos dizer que nosso modelo de negócios é cíclico e contracíclico, em ambas as situações a gente consegue perpetuar nosso negócio”, disse o CEO, citando fortes investimentos feitos mesmo no momento da pandemia de Covid, quando a rede de saúde abriu 2 mil novos leitos.
O diretor financeiro, Luccas Adib, aproveitou para lembrar conversa recente que teve com um grande investidor estrangeiro comprado em ações da Hapvida, que teria mostrado curiosidade com as justificativas para o entusiasmo do grupo em investir no atual momento.
“Ele perguntava, ´vocês estão discutindo uma série de investimentos, o que vocês que estão aí na fronteira de discussão da economia real, o que vocês estão enxergando que nós não estamos vendo no noticiário, que não estamos vendo nas conversa com investidores locais?´”.
Adib, então, citou os números de nível de desemprego, que atingiram mínimas históricas segundo o IBGE, em 6,2% no trimestre encerrado em outubro, com número de brasileiros ocupados também recorde, em 103,6 milhões.
“Não só o desemprego está muito baixo, o que favorece muito nossa jornada de vendas de planos corporativos, como você tem de outro lado aumento gradativo na ocupação dos brasileiros e brasileiras, o que faz com que tenham capacidade de contratar planos de saúde, seja massificado, seja corporativo”, pontuou o CFO.
“Então, a despeito de enxergamos deteriorações do cenário doméstico e internacional que impactam nossa capacidade de avaliar risco ajustado aos investimentos que fazemos..nós nos mantemos muito positivos em relação ao que o país pode entregar, especialmente em relação ao setor de saúde suplementar”.
Ao apresentar os investimentos previstos para os próximos anos, que incluem R$1 bilhão na cidade de São Paulo e região metropolitana, o CEO da Hapvida citou uma pesquisa segundo a qual 25% da população é atendida por planos de saúde privados, enquanto os outros 75% enxergam um plano como “segundo maior objeto de desejo”.
ALAVANCAGEM
A Hapvida pretende tocar o ciclo de investimentos com sua geração de caixa e parcerias, como negócios conhecidso como ´built-to-suilt´, o que permitirá realizar o plano de R$2 bilhões em expansão com desembolso de pouco mais de R$600 milhões em capital próprio, suportado pelo próprio caixa da companhia.
“Uma parte dos contratos (built to suit) já foi divulgada, mas esperamos sim ter uma divulgação de novo acordo de BTS, especialmente para um dos hostpitais em São Paulo, em breve”, disse o CFO.
A expectativa, assim, é que seja possível à Hapvida continuar “gradualmente desalavancando”, reduzindo o nível de envididamento, que hoje está abaixo de 1x, se considerada relação entre dívida líquida e EBITDA, segundo Adib.