Certame será em 30/set

Goiás avança com leilão na B3 para vender ativos de energia da CelgPar, potencial vitrine para Caiado

Goiás avança com leilão na B3 para vender ativos de energia da CelgPar, potencial vitrine para Caiado
Agência Cora Coralina de Notícias

São Paulo, 01/08/2025 – A CelgPar, controlada pelo Estado de Goiás, está avançando com processo para venda de diversos ativos de energia, em leilão no próximo mês, na sede da B3, que poderá servir de vitrine para a pré-candidatura do governador Ronaldo Caiado à presidência em 2026.

O certame, agendado para 30 de setembro, envolverá quatro lotes, dois com participações em ativos de geração de energia e dois com fatias em negócios de transmissão. Se tiver sucesso, Caiado concluirá o repasse ao setor privado de praticamente todas as operações da CelgPar, que caminharia para processo de “phase-out” e posterior encerramento das atividades.

O leilão pode levantar mais de R$190 milhões, que seriam usados para quitar passivos no âmbito do Regime de Recuperação Fiscal ao qual Goiás aderiu. A venda dos ativos da CelgPar também pode servir de vitrine para o governador Caiado, que lançou pré-candidatura à presidência da República como nome de oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que adota tom crítico a privatizações.

“O leilão desses ativos é uma das etapas estratégicas de um grande programa de desestatização aprovado por lei”, defendeu a representante da secretária-geral do governo, Thais Moraes de Souza, durante uma recente audiência pública.

PRIVATIZAÇÃO

A CelgPar, criada em 2006, é subsidiária da Centrais Elétricas de Goiás (CELG), fundada em 1956 para eletrificação do Estado. Ela reúne os ativos que restaram após a privatização da unidade de distribuição de energia, Celg-D, adquirida pela italiana Enel, por R$2,18 bilhões, em 2016, e dos negócios de transmissão, comprados pela portuguesa EDP, por R$1,97 bilhão, em 2021.

Curiosamente, o governador Caiado chegou a se colocar contra a privatização da Celg-D no passado, alegando preocupação com risco de uso político dos recursos da operação. Na época, em outra ironia, a desestatização foi iniciada pelo governo petista da então presidente Dilma Rousseff, embora uma primeira tentativa de venda tenha fracassado e o negócio só tenha acontecido depois, sob a gestão de Michel Temer.

Leilão de venda da CELG-D, em 2016

 

A venda da CelgPar poderia ser usada como bandeira “liberal” por Caiado em momento em que ele tenta se cacifar a disputar a presidência como representante da oposição, e enquanto Lula tem apostado em críticas à recente privatização da Eletrobras.

Um dos potenciais adversários de Caiado pela candidatura “de direita” seria o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que chegou a apresentar projeto para privatização da Cemig, mas no momento negocia um potencial federalização da empresa com o governo do presidente Lula, para quitar parte das dívidas estaduais com a União.

Outro dos potenciais nomes da oposição para 2026, o governador gaúcho Eduardo Leite, conseguiu privatizar gradualmente todos os ativos da empresa de energia estadual CEEE, adquiridos por Equatorial Energia, CPFL Energia e CSN.

LOTES

A CelgPar colocou preço mínimo de R$62,19 milhões para o primeiro lote de seu leilão de ativos, que contempla participações de 100% na Firminópolis Transmissão e na Lago Azul Transmissão, e de R$31,175 milhões para o segundo lote, que envolve 49% da Pantanal Transmissão.

Os lotes C e D do leilão envolvem ativos de geração: 20% da Energética Fazenda Velha, por R$8,7 milhões, e 37,5% da Energética Corumbá III, por ao menos R$91,84 milhões.

Os interessados nos ativos deverão apresentar documentação em 23 de setembro. O leilão ocorrerá em 30 de setembro na sede da B3, a partir das 14h.