São Paulo, 22/03/2024 – Fundos de pensão ligados a órgãos federais, como a Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, estão avaliando investir no processo de privatização da empresa estadual paulista de saneamento Sabesp, disseram fontes à Mover.
A desestatização da Sabesp deverá ocorrer na prática por meio de uma oferta de novas ações que diluiria a posição do governo de São Paulo, em modelo similar ao utilizado em 2022 para a Eletrobras. A expectativa da companhia hoje é que a operação seja realizada até agosto.
Diversos grupos têm estudado participar da transação, incluindo a elétrica Equatorial Energia, mais provavelmente com um parceiro do setor; o grupo Cosan, do empresário Rubens Ometto; e a Aegea, que tem a Itaúsa como acionista, além dos fundos de pensão, disseram as fontes, que falaram sob condição de anonimato.
“Os fundos de pensão federais estão olhando com muito interesse e devem entrar. Com uma posição relevante, não de controle. Eles estão conversando com grandes fundos estrangeiros, que possam entrar também pesado e dividir o controle”, disse uma das fontes.
A Previ e a Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa, estão entre os que se movimentem para a disputa, e a busca deles é por parceiros como grandes fundos soberanos, a exemplo do GIC, de Singapura, e do Mubadala, dos Emirados Árabes, explicou a fonte.
Se conseguirem levar uma fatia relevante na Sabesp na privatização, os fundos de pensão poderiam permitir ao governo federal ter alguma influência na empresa paulista de saneamento – a venda do controle pela gestão Tarcísio de Freitas tem sido alvo de críticas do PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e outras legendas de esquerda próximas.
Atualmente, por exemplo, o governo tenta usar a fatia da Previ na Vale, de quase 9%, para influir na definição do novo presidente da companhia. No passado, os fundos de pensão Funcef e Petros, esse último dos funcionários da Petrobras, ajudaram governos do PT na viabilização da mega hidrelétrica de Belo Monte, entrando com 20% no projeto em um momento de fuga de investidores privados.
Apesar dos interesses por vezes políticos, investimentos dos fundos de pensão em empresas são comuns, até para valorizar o patrimônio dos futuros aposentados e pagá-los. A Previ, por exemplo, possui hoje participação em empresas como Neoenergia (30%), Tupy (24,8%) e Vibra Energia (5,03%), entre outras.
Procurados, Funcef e Previ não responderam de imediato a pedidos de comentário sobre o potencial interesse na Sabesp.
(LC | Edição: Gabriel Ponte | Comentários: equipemover@tc.com.br)
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