Divisão de GTD perde receita

Desaceleração nos setores de energia eólica e solar pesa sobre resultados da WEG

Facebook/WEG
Facebook/WEG

São Paulo, 23/10/2025 – A perda de fôlego dos investimentos em novos projetos de energia eólica e solar no Brasil pesou sobre os resultados da fabricante de equipamentos elétricos WEG no terceiro trimestre, e poderá impactar ainda mais o balanço do quarto trimestre, disseram executivos da companhia nesta quinta-feira.

Após anos de expansão inabalável, mesmo em momentos menos favoráveis da economia brasileira, o crescimento da capacidade em renováveis do país está recuando neste ano, pela primeira vez em cinco anos, com expansão menor que em 2024 e 2023, segundo dados da Agência Internacional de Energia (IEA). Empresários têm pisado no freio devido ao encarecimento do custo de crédito e a cortes na geração de usinas, causados por excesso de oferta durante momentos do dia, limitações na rede e até falta de demanda.

Os cortes forçados na produção renovável, conhecidos no setor como “curtailment”, chegaram a impactar cerca de 43% da potencial geração solar e 27% da eólica em setembro, segundo a consultoria Aurora Energy Research. Preocupada com a situação, a agência de classificação de risco Fitch Ratings colocou em “observação negativa” 13 projetos renováveis, de um total de 36 acompanhados, citando perspectiva de que o problema aumente, e siga relevante ao menos até 2030.

O cenário levou a WEG a registrar mais um trimestre sem nenhuma entrega de novos aerogeradores, enquanto a receita com o negócio de solar também caiu na comparação anual, após a conclusão de projetos de grande porte que a companhia concluiu nos três trimestres anteriores.

“Na questão do setor eólico, já era uma realidade a falta de novos projetos, e isso continua. E tentamos antecipar para vocês, nas últimas teleconferências, que o solar seria mais fraco no segundo semestre”, disse o diretor de Finanças da WEG, Andre Salgueiro, durante call com analistas sobre os resultados.

Além da desaceleração dos grandes projetos, o segmento de geração solar distribuída, que envolve instalações solares em telhados ou miniusinas que atendem à demanda de empresas, também perdeu força, disse Salgueiro.

“Vale colocar aqui que mesmo o mercado de “GD” não está tão aquecido assim. Tem projetos evoluindo, mas em ritmo mais lento do que costumava acontecer. Quando soma os dois fatores, tem uma dinâmica de solar, já refletida neste trimestre, com performance mais fraca. E a expectativa, pela base de comparação do ano passado, é de eventualmente esse movimento até acelerar um pouco a partir do 4T25″, afirmou.

Embora as instalações de “GD” não sofram cortes de geração, como as usinas maiores, tem havido crescente discussão entre autoridades e técnicos do setor sobre a possiblidade de incluir o segmento na divisão do “curtailment”, o que provoca apreensão entre investidores. Os juros altos também ajudam a frear a expansão.

A receita da WEG com a divisão de geração, transmissão e distribuição de energia (GTD) no mercado interno caiu 6,8% no terceiro trimestre, ante mesmo período de 2024– a empresa não abre os dados por nicho de negócios.

BATERIAS
Uma das novas apostas da WEG são sistemas de baterias elétricas, conhecidos como BESS, segmento no qual a companhia tem entregado soluções para diversos segmentos, como agronegócio e indústria.

“Temos atuado muito nesses projetos de pequeno e médio porte, que é de onde vem a demanda do mercado… Os projetos estão crescendo, temos visto procura maior de projetos de escala maior do que vínhamos fazendo”, disse Salgueiro.

Ele comentou que a WEG ainda precisa entender qual será o tamanho desse mercado, mas acrescentou que leilões que o governo federal pretende realizar para contratar baterias elétricas podem impulsionar essa divisão da empresa. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que um primeiro certame poderia ocorrer já em dezembro.

“Os leilões previstos para este ano e ano que vem podem ser oportunidades interessantes para destravar o mercado, que pode ser muito maior do que temos hoje”, afirmou Salgueiro, da WEG.

Dentro do governo, a contratação de baterias tem sido vista como um potencial mitigador para os excessos de geração renovável, que ocorrem geralmente durante o dia, quando usinas solares e instalações fotovoltaicas em telhados estão produzindo a toda carga.