Cteep, Engie e Eletrobras levam lote em leilão de transmissão, mas empresas menores também se destacam

Empreendimentos exigirão investimentos de R$ 16 bilhões nos próximos anos

UnSplash
UnSplash

Por Luciano Costa

O leilão realizado nesta sexta-feira (30) pelo governo para viabilizar novos projetos de transmissão de energia teve as elétricas Cteep, Engie e Eletrobras como principais vitoriosas, mas empresas menores chegaram a surpreender em diversas disputas pelos empreendimentos, que exigirão quase R$16 bilhões nos próximos anos.

A cautela demonstrada pelas principais companhias do setor de energia, porém, acabou bem vista no mercado financeiro, que temia uma postura muito agressiva de algumas empresas na licitação, em termos de desconto ofertado sobre a receita máxima permitida pelo governo para cada obra, segundo um analista que falou à Mover.

O Índice de Energia Elétrica da B3 avançava 2,18% por volta das 13h50, enquanto o Ibovespa operava em alta de 0,30% no mesmo momento. Eletrobras ON subia 2,84%, a R$39,81, enquanto Cteep PN subia 0,52%, a R$25,35, e Engie ON avançava 1,44%, a R$45,69.

A Cteep arrematou o menor lote do pregão, de número 9, que deve demandar R$94 milhões, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Ela ofereceu deságio de 50,36%, superando rivais como Furnas, da Eletrobras, e Celg Transmissão. A companhia depois ficou também com o lote 7, último ofertado, com desconto de 41,8% na receita do empreendimento. O orçamento estimado pela Aneel para o projeto é de R$2,32 bilhões.

A Eletrobras, reforçando investimentos após sua privatização, ficou com o lote 4 do certame, orçado em R$786 milhões, após oferta da subsidiária Furnas, com 45,75% de deságio frente à receita máxima permitida. Grupos como EDP, Cemig, Cteep, Alupar e Engie também apresentaram propostas.

A Engie, por sua vez, levou o quinto projeto do leilão, orçado em R$2,6 bilhões, com proposta que prevê deságio de 42,8%, superando ofertas de Taesa, Neoenergia e Cteep, entre outras.

No entanto, o maior lote de obras da licitação, lote 2, com aportes estimados de R$4,35 bilhões pela Aneel, foi levado pela Rialma, empresa do centro-oeste que ofereceu deságio de 51% frente à receita máxima permitida para o ativo, superando oferta da Engie.

O segundo maior projeto, com aportes previstos de R$3,15 bilhões, o lote 1, ficou com a Gênesis, consórcio entre o grupo de transportes The Best Car e pela ENTEC, que superou companhias listadas como Taesa e Neoenergia ao ofertecer deságio de 66,1%, o maior do pregão. A Gênesis também levou o lote 8, com aportes previstos de R$260 milhões.

A espanhola Celeo Redes saiu vitoriosa no sexto lote, com deságio de 42,2%, no qual levou a melhor em disputa com a Engie. As obras devem exigir R$2,3 bilhões.

PREOCUPAÇÃO

Embora todos lotes de projetos tenham atraído investidores e com deságios expressivos, o desconto apresentado por empresas menores e sem tradição em energia, como o consórcio Gênesis, liderado pela Best Car, acabou gerando preocupação em alguns empresários do setor elétrico e analistas que falaram à Mover.

“Como vai fazer com essa receita? Ficou muito baixo. Ainda se fosse uma empresa tradicional do setor, poderíamos dar um voto de confiança. Vamos torcer para que consigam construir”, disse à Mover um executivo de uma das líderes do mercado de transmissão do Brasil.

Um analista de mercado que acompanha elétricas disse à Mover que investidores viram com bons olhos a postura cautelosa de companhias como Auren, que, embora tivesse desejo de estrear em transmissão, não levou nenhum projeto, apresentando ofertas mais conservadoras.

Além disso, as ações de elétricas também eram apoiadas hoje por decisão do Conselho Monetário Macional (CMN) ontem de manter a meta de inflação para 2026 em 3%, mas fixando um horizonte mais amplo, acrescentou o analista. “[Vimos o] fechamento de curva de juros, então elétricas sobem em bloco”, explicou.