Por: Luciano Costa
São Paulo, 8/3/2023 – A CSN já iniciou negociações para vender uma fatia em seus negócios em energia e grupos estrangeiros estão no páreo pela transação, vista na empresa como saída para reduzir a alavancagem, que preocupa investidores, segundo disseram fontes à Mover.
Nos últimos anos, a siderúrgica do empresário Benjamin Steinbruch investiu R$3,7 bilhões para comprar hidrelétricas, incluindo da CEEE Geração, pela qual pagou quase R$3 bilhões em leilão de privatização em 2022. Na época, a CSN tinha intenção de levar a CEEE em parceria com a EDF, mas os franceses desistiram na véspera, por questões internas.
Agora, precisando desalavancar, a CSN começou a conversar com potenciais interessados na aquisição de 50% da divisão de energia, disseram duas fontes com conhecimento do assunto, que falaram sob condição de anonimato.
A EDF foi convidada a voltar a avaliar a oportunidade, e está em conversas com a CSN, mas há também outros interessados, incluindo o grupo chileno de renováveis Colbún, que opera diversas hidrelétricas e parque solares no Chile, disseram as fontes.
Procurada, a CSN não respondeu de imediato, enquanto a EDF não quis comentar. Não foi possível falar com representantes da Colbún.
A CSN encerrou 2023 com alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e EBITDA, de 2,58 vezes, recuando ante as 2,63 vezes do trimestre anterior, mas bem acima das 1,69 vezes do mesmo período de 2022 e também superior à meta para 2024, de 2 vezes.
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DÍVIDA PREOCUPA
Ontem, as ações da CSN encerraram a sessão sendo a maior queda percentual do dia, recuando quase 5% depois da divulgação do balanço. Embora os resultados tenham superado as estimativas, a alavancagem segue “muito longe do desejável”, disseram analistas da Genial Investimentos.
“A alavancagem permanece o maior calcanhar de Aquiles da CSN holding. Sabemos que investidores institucionais com quem temos contato observam essa situação quase como um ponto inegociável. Se ela não entrar dentro de um patamar mais saudável, não vemos muitos ‘triggers’ para as ações subirem”, escreveu a Genial em relatório.
Na época do leilão da CEEE Geração, vencido pela CSN, o governo francês havia acabado de iniciar processo para estatizar totalmente a EDF, na qual o Estado já era majoritário. Para fontes, o foco nessa operação e preocupações políticas com a participação em uma privatização em outro país foram fatores que pesaram para o grupo desistir do negócio.
(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)
