CPI da Americanas: Ex-CEO Rial diz não ver indício de participação de acionistas de referência em fraude

Executivo buscou isentar acionistas de referência da crise

Myke Sena / Câmara dos Deputados
Myke Sena / Câmara dos Deputados

Por Ana Luiza Serrão

O ex-presidente-executivo da Americanas (AMER3), Sergio Rial, afirmou hoje (22) não ter visto nenhum indício de participação dos acionistas de referência da centenária varejista em fraudes de manipulação de balanços, buscando isentar o trio de bilionários da 3G Capital, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.

Rial, que renunciou ao posto de CEO em janeiro, após descobrir o que chamou de “inconsistências contábeis” de R$20 bilhões nas demonstrações financeiras, fez as afirmações ao responder perguntas de deputados durante reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga eventuais fraudes na empresa.

Ele ficou no cargo durante apenas nove dias, entre 2 e 11 de janeiro deste ano, e disse que renunciou depois de ter recebido a informação, em 4 de janeiro, de que as dívidas bancárias não estavam sendo devidamente reportadas nos relatórios financeiros, o que evidenciava que a Americanas era na verdade “um projeto insolvente”. 

“Jamais imaginei tamanha dissimulação de dívida”, disse Rial, que declarou ser também uma vítima no caso. Ele disse que acreditou na reputação da Americanas e que não havia desconfiança do mercado em relação à empresa, que aparentava ser rentável até então.

“Qual notícia que eu recebo? Que a empresa tem um patrimônio líquido de R$16 bilhões para uma dívida bancária de R$36 bilhões. Levo um soco no estômago. Isso é uma empresa insolvente”, afirmou, durante a CPI. 

O ex-CEO também disse acreditar que a eventuais revelações de executivos da empresa, em acordos com o Ministério Público Federal, poderão trazer elementos contundentes para as investigações, defendendo incentivos à chamada delação premiada, que segundo ele tem sido importante no combate às fraudes nos Estados Unidos. 

A ex-superintendente de controladoria da Americanas, Flávia Carneiro, decidiu não responder perguntas na CPI. Segundo o jornal O Globo, ela teria fechado acordo de delação com o MPF, assim como o ex-diretor financeiro Marcelo da Silva Nunes. 

As ações da Americanas fecharam o pregão em alta de 0,99%, a R$1,02, enquanto o Ibovespa fechou com avanço de 1,51%, a 116,1 mil pontos. No ano, as ON da companhia acumulam desvalorização de 89,43%.

Confira a participação de Sergio Rial na CPI da Americanas: