Compra de fatia na Eletromidia (ELMD3) pela Globo pode ser passo inicial para parceria maior, dizem analistas

Segundo analistas, a aquisição pode ser um primeiro passo para parceria maior

Divulgação/Eletromidia
Divulgação/Eletromidia

Por: Giovanni Porfírio

A compra de uma participação minoritária na Eletromidia (ELMD3) pelo Grupo Globo, anunciada na segunda-feira, pode ser o passo inicial para uma futura associação maior entre as companhias, que pode formar um grande grupo de mídia no Brasil, segundo analistas.

No dia seguinte à divulgação do acordo, que envolve de 15% a 18% da Eletromidia, as ações da empresa chegaram a disparar mais de 10% na B3. Em 12 meses, os papéis da companhia de mídia e publicidade urbana avançam 13%, com ganhos de 56% até o momento neste ano.

Uma das principais figuras no mercado de publicidade “out of home”, ou seja, que impactam o consumidor fora de casa, a Eletromidia possui mais de 67,3 mil pontos de contato espalhados pelo país, de acordo com o site oficial, concentrados em transportes sobre trilhos em São Paulo e Rio de Janeiro, shoppings e aeroportos.

Para o analista de fusões e aquisições da IT Investimentos, Gabriel Cardoso, a aquisição é estratégica para o grupo comandado pela família Marinho, e também positiva para a Eletromidia, que pode explorar a associação com a Globo para buscar ganhos em negociações com clientes sobre anúncios, por exemplo.

“Acredito muito na sinergia de formar um grupo muito maior de mídia. Para se consolidar ainda mais no mercado, a Globo precisa se reinventar, e essa aquisição é parte disso. Eu acredito muito mais em uma aquisição inicial para daqui alguns anos fazer uma compra total e absorver o negócio, do que eventualmente ser um investimento puramente financeiro”, disse Cardoso à Mover.

“A Globo pode abrir portas para a Eletromidia ter uma maior ampliação geográfica, considerando que está no Brasil inteiro, por meio das afiliadas. Dá para pensar, de repente, até em uma internacionalização”, acrescentou Cardoso.

Pela transação, a Globo vai adquirir 8,63% das ações ordinárias da Eletromidia, o equivalente a pouco mais de 12 milhões de papéis, junto ao fundo Vesuvius, atual controlador, e ao diretor-presidente da companhia, Alexandre Guerrero. Outras 8,9 milhões de ações serão compradas via operações em bolsa.

A equipe da XP disse ver o anúncio como positivo, com a entrada do maior grupo de mídia brasileiro na Eletromidia validando a tese de investimento na empresa e mostrando o potencial do segmento de mídia out of home, que poderia alavancar novos negócios.

“Não descartamos a entrada da Globo no bloco de controle no médio prazo. Vale ressaltar que a participação vendida pelo CEO representa aproximadamente 20% do total de suas ações”, afirmaram os analistas da XP em relatório.

Após o fechamento da operação, que ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Globo ganhará o direito de indicar um membro para o conselho da Eletromidia enquanto detiver participação mínima de 15% a 18% na companhia.

A equipe de analistas do UBS-BB também elogiou a operação, destacando que a Globo é o maior conglomerado de mídia da América Latina e atinge mais de 100 milhões de pessoas, e poderia complementar as ofertas da Eletromidia com campanhas de marketing.

O UBS-BB acredita na existência de várias oportunidades de parceria entre as duas empresas, aproveitando seus públicos cativos e as diferentes formas de alcançá-lo.

“Nos últimos anos, a Globo enfrentou alguns desafios de crescimento que aumentam ainda mais o engajamento com a Eletromidia, já que é uma história de alto crescimento e alta margem, com tese também impulsionada pela propaganda digital, fatores que seriam complementares à proposta de valor da Globo para os anunciantes”, pontuaram os analistas, em relatório.

*O conteúdo deste artigo não reflete o posicionamento do FLJ