Por Bruno Andrade
As ações da Cielo (CIEL3) derretiam 8,09%, a R$ 4,32, por volta das 13h58min desta quarta-feira (02). De acordo com o analista-chefe do TC Matrix, Carlos Vieira, a queda acontece após a empresa divulgar o seu balanço na véspera.
A companhia reportou um lucro líquido recorrente de R$ 486 milhões no segundo trimestre, alta de 10,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. Todavia, segundo o especialista do TC, o mercado ficou desapontado com os números de clientes e de transações feitas pela empresa no trimestre.
“Perda de clientes ativos, menor volume financeiro movimentado e menor volume de transações. Esses são os motivos de a empresa estar caindo após o resultado”, disse o analista.
Para Vieira, o fato de a base de clientes ter caído de 1,1 milhão no segundo trimestre de 2022 para 959 mil no segundo trimestre de 2023, obrigou a empresa a focar mais na rentabilização do seu negócio através do controle de despesas.
“O grande desafio da companhia é se manter competitiva em um cenário onde outros grandes players buscam avançar no segmento de meios de pagamento, sobretudo a Rede, Stone, PagBank e Mercado Pago”, explicou Vieira.
Ele ainda comentou que a Cielo tem perdido market share ao longo dos anos, passando de 47% em 2016, para 30% em 2020 e números próximos de 24% em 2022. Por isso, o analista comenta que o melhor é o investidor ter muito cuidado com o ativo, pois uma melhora só acontecerá quando esse problemas estiverem resolvidos.
“Mantendo-se em um segmento competitivo, com grandes parcerias entre os seus competidores e grandes instituições financeiras e com pressão nas suas receitas, ainda que consiga manter a sua rentabilidade com o corte de despesas, a sua performance em bolsa não deve se mostrar satisfatória até que dados operacionais mais positivos sejam mostrados”, explicou o analista-chefe do TC Matrix, Carlos Vieira.
Problema da Cielo também é setorial
Os analistas do Itaú BBA compartilham da mesma visão. Eles comentaram que os números apresentados foram “levemente fracos”, mas que a empresa não está sozinha, visto que os problemas do balanço devem ser apresentados por todo o setor.
“A combinação de perdas rápidas de volume no negócio de Acquiring e maiores gastos com SG&A são particularmente preocupantes para a Cielo no segundo semestre de 2023 (e provavelmente para todos atores da indústria)”, disseram Pedro Leduc e sua equipe, que assinam o relatório.
Os especialistas também reclamaram dos números apresentados pela Caetano. “Enquanto as emissões de cartão tiveram uma alta de 2% no mercado brasileiro, a Caetano registrou uma queda de 11% nos mesmos números”, explicaram.
Por esses motivos, os analistas do Itaú BBA continuam com uma visão mais pessimista para a Cielo, pois acreditam que a empresa não deve melhorar no curto e médio prazo.
“Preferimos evitar uma recomendação de compra para a Cielo, dado o momento mais desafiador que o setor se encontra e que provavelmente permanecerá nos próximos trimestres”, explicaram Leduc e sua equipe.
O Itaú BBA possui recomendação de Market Perfom para a ação da Cielo (equivalente à neutra). Os analistas calculam um preço-alvo de R$ 5,10, alta de 8,5% na comparação com o fechamento de terça-feira (01).