Por: Artur Horta
A petroquímica Braskem confirmou a proposta da estatal dos Emirados Árabes ADNOC, de R$37,29 por ação, para compra da fatia da Novonor na companhia, em negócio condicionando a um alinhamento com a Petrobras.
Segundo fato relevante divulgado pela Braskem nesta quinta-feira, a proposta avalia a participação da Novonor emR$10,5 bilhões, que seriam pagos com 50% em dinheiro e 50% em um instrumento sênior ao equity da ADNOC, com um prazo de vencimento de 7 anos e juros anuais de 7,25% em dólar.
A antiga Odebrecht, dona de 38,3% do capital da Braskem, ficaria ainda com uma fatia minoritária de 3% na petroquímica, enquanto a Petrobras ficaria majoritária.
A oferta ainda está condicionada à realização de um “due diligence” pela ADNOC, para apuração de eventuais passivos adicionais derivados do afundamento do solo em Alagoas e o “alinhamento e celebração de um novo acordo de acionistas com a Petrobras”.
A nova investida da ADNOC, agora sem a parceria da americana Apollo, melhora substancialmente os termos de propostas anteriores. A ADNOC chegou a oferecer R$47,00 por ação da Braskem em maio, mas com pagamento dividido em dinheiro, títulos perpétuos e “warrants” – o que levava o valor presente da oferta para algo entre R$25,00 e R$30,00 por ação.
Ontem, os papéis preferenciais classe A da Braskem fecharam o pregão em queda de 2,04%, a R$17,28. No acumulado do ano, caem cerca de 30%.
A nova proposta também está acima dos R$10 bilhões já cogitados pela Unipar e pela J&F, que chegaram a avaliar o ativo. No entanto, circula nos bastidores que o avanço das negociações sempre dependeu de quem a Petrobras, comandada pelo ex-senador petista Jean Paul Prates, consideraria como melhor parceiro.
Nesse sentido, a ADNOC teria despertado mais atenção da petroleira, pela robustez financeira para fazer investimentos estratégicos, além de um foco maior no longo prazo.
Pelos termos da oferta, a Petrobras passaria a ser a maior acionista da Braskem, com 36,1% do capital social. Não há consenso entre os analistas se, nesse caso, os acionistas minoritários teriam direito de “tag along” garantido.