Bradesco (BBDC4) terá recuperação lenta e mais demorada que a esperada, dizem analistas

Veja o que fazer com as ações após o resultado da companhia

Facebook/Bradesco
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Por Bruno Andrade

Bradesco (BBDC4) terá uma recuperação lenta e mais demorada que a esperada, disseram analistas do TC Matrix e XP Investimentos em relatórios enviados aos clientes na noite desta quinta-feira (03). A avaliação acontece após o banco ter reportado queda de 35,8% em seu lucro líquido recorrente do segundo trimestre, que ficou em R$ 4,51 bilhões.

O resultado foi impactado pela disparada da inadimplência, que foi de 3,5% para 5,9%. Além das Provisões para Devedores Duvidosos (PDD), as quais saíram de R$ 5,3 bilhões para R$ 10,3 bilhões, crescimento de 94,2%.

“É um sinal bem negativo. Enquanto outros bancos já estão reduzindo, o banco segue aumentando sua PDD. Espera-se que seja o topo do ano. É uma PDD muito alta para um trimestre sem casos específicos de inadimplência”, disse Carlos Vieira analista de ações do TC Matrix.

Ele também comentou que o retorno sobre o patrimônio médio (ROEA) continua muito baixo e que o indicador só terá uma melhora no próximo ano. “Estou precificando o banco com um ROAE de 12,0% em 2023 e 16,0% em 2024”, detalhou Vieira.

Para a XP Investimentos, o banco até pode apresentar uma leve melhor nos próximos trimestres, mas a recuperação só deve acontecer de fato no longo prazo.

“Acreditamos numa curva de melhoria, mas vemos o ponto de inflexão um pouco mais distante, dadas algumas incertezas, incluindo a elevada inadimplência e o baixo crescimento da carteira, que se traduzem em baixos níveis de rentabilidade”, afirmaram Bernardo Guttmann, Matheus Guimarães e Rafael Nobre.

As duas casas concordam que o resultado foi ruim e que o mercado tende a mostrar uma reação negativa para os ativos. “O balanço tende a fazer preço no pregão, com perspectivas mais negativas”, explicou Vieira do TC.

Por esse motivos e receios, a XP Investimentos pede para o investidor não comprar as ações da companhia. No entanto, caso ele opte por esse caminho, o ideal é sempre tomar cuidado.

“Esperamos uma reação negativa do mercado para as ações, mas, por enquanto, não vemos razões para alterar a nossa recomendação neutra”, concluem Guttmann, Guimarães e Nobre.