Por: Gustavo Boldrini e Artur Horta
As ações do Banco do Brasil disparavam na abertura do mercado desta terça-feira, após este reportar o melhor resultado de sua história no quarto trimestre de 2022, superando projeções do mercado mesmo com um provisionamento extra de R$788 milhões para cobrir 50% da exposição a operações envolvendo a varejista Americanas.
Perto das 10h10, os papéis ordinários do BB avançavam 5,10%, a R$42,67, liderando altas no Ibovespa.
Entre outubro e dezembro, o maior banco estatal do país em ativos reportou lucro líquido ajustado de R$9,04 bilhões, contra consenso de analistas colhido pela Mover que previa um ganho líquido de R$8,25 bilhões, apresentando alta de 52,4% na base anual e de 8,1% na base trimestral.
Em relatório, analistas do BTG Pactual citaram a margem financeira bruta, receita do banco com operações de crédito e tesouraria, como principal destaque do resultado do BB no quarto trimestre. O indicador cresceu 41% na base anual e 8% na base trimestral.
Relatórios do Itaú BBA e do Safra destacaram as projeções divulgadas pelo banco estatal ontem, que apontam paraavanço do lucro líquido ajustado no acumulado do ano em relação a 2022, mesmo com um aumento do provisionamento para créditos de liquidação duvidosa na esteira de um cenário de crédito mais duro, com a taxa Selic em patamar elevado e o aumento da inadimplência.
O lucro líquido ajustado em 2023 está projetado entre R$33 bilhões a R$37 bilhões, contra R$31,8 bilhões em 2022.
A presidente do BB, Tarciana Medeiros, em sua primeira apresentação de resultados desde a posse no cargo, disse a jornalistas que o balanço mostra o sucesso da estratégia do banco, e falou em manter foco na disciplina de capital, no retorno ao acionista e no controle de despesas. Segundo ela, não há oposição entre a alta rentabilidade do BB e o seu retorno social.
A equipe do BTG projetou reação positiva do mercado aos resultados, avaliando que os papéis do banco estatal seguem baratos mesmo após um rali neste ano, guiado em parte pela menor exposição do banco à crise da Americanas e expectativas de continuidade dos resultados positivos vistos ao longo de 2022.
Em coletiva de imprensa, a diretora-presidente, Tarciana Medeiros, disse que não há oposição entre a alta lucratividade do banco e seu papel social. Em apresentação entregue a jornalistas, o BB informou que o seu lucro é “a medida exata” dos benefícios que o banco entrega à sociedade.
A executiva reiterou que o BB manterá sua trajetória atual de disciplina de capital, retorno ao acionista e controle de despesas. Em projeções divulgadas ontem, o BB informou a previsão de avanço do lucro líquido ajustado no acumulado de 2023 para o intervalo entre R$33 bilhões a R$37 bilhões, contra R$31,8 bilhões em 2022.
Tarciana evitou comentar as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à política de juros do Banco Central, mas reiterou que o BB está preparado para manter o guidance de elevação de lucros mesmo com uma queda na taxa Selic ao longo do ano.
A diretoria do BB prevê que o índice de inadimplência acima de 90 dias no segmento de Pessoa Física deve se acomodar ao longo do primeiro semestre. O indicador terminou 2022 a 2,51%, alta de 0,76 ponto percentual ante 2021, mas ainda abaixo da média do Sistema Financeiro Nacional.
O diretor de Gestão de Risco, Felipe Prince, disse que o BB pode ir à Justiça “buscar seus direitos” caso a operadora Oi tente um novo pedido de recuperação judicial.
Ricardo Forni, vice-presidente de Gestão Financeira, disse que o apetite do banco por operações de crédito no Atacado – para grandes empresas – se reduziu ao longo do ano para acomodar o crescimento das carteiras de Pessoa Física e Agronegócio.
Segundo Tarciana, o BB vai buscar mais recursos junto ao governo federal para ampliar a participação no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para todas as fases do processo, desde a capacitação dos produtores rurais.
A executiva disse que o programa Desenrola, que será lançado pelo governo federal para renegociar dívidas, deverá ter a participação de todo o mercado.