BB-BI vê cenário "desafiador" para JBS, Marfrig e BRF

Analistas veem como impasse o ciclo pecuário desfavorável e a inflação nos EUA

Agência Brasil
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Por: Artur Horta

A combinação de um ciclo pecuário desfavorável nos Estados Unidos junto aos efeitos negativos da inflação sobre a demanda americana por carne bovina traz perspectivas desafiadoras para a JBS e a Marfrig, as duas maiores fabricantes de proteínas do mundo, segundo avaliação do time de análise do BB Investimentos.

Em relatório, as analistas Mary Silva e Melina Constantino rebaixaram a recomendação para as ações ordinárias da JBS de “compra” para “neutra”, e cortaram o preço-alvo de R$47,00 para R$28,00 até o fim do ano diante de “um cenário de piora das tendências em quase todas as suas unidades de negócios”, escreveram.

A menor oferta de animais nos EUA e o arrefecimento da demanda do mercado americano, com a elevada inflação de alimentos comprometendo o consumo das famílias, devem contrair a margem operacional da divisão JBS Beef North America, segundo o relatório do BB-BI. Nos últimos 12 meses, as ações ordinárias da JBS acumulam perdas de 44,16% na B3.

Para os papéis ordinários da Marfrig, as analistas mantiveram a recomendação “neutra”, mas cortaram o preço-alvo de R$20,00 para 11,00. Além do cenário desafiador nos EUA, a divisão sul-americana do frigorífico deve sentir o impacto da desaceleração das exportações de carne bovina ao longo do quarto trimestre de 2022, período em que a China manteve restrições de mobilidade em função da política de Covid-Zero – o balanço do período será divulgado na próxima quarta-feira após o fechamento dos mercados. Nos últimos 12 meses, as ações acumulam perdas de mais de 62% na bolsa brasileira.

O time de análise do BB-BI informou ainda que a BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, e a Seara, marca de processados de aves e suínos da JBS, devem ter margens penalizadas diante do alto preço do milho em relação a sua média histórica.

A BRF tem sofrido recentemente com a desaceleração no mercado externo, “diante de um desequilíbrio entre a oferta e demanda global de carne de frango” que pressionou preços, segundo as analistas, que reiteraram no relatório que o processo de recuperação da companhia não depende apenas da melhora de indicadores do mercado doméstico brasileiro. O BB-BI manteve a recomendação “neutra” para as ações ordinárias da BRF, mas cortou o preço-alvo de R$22,00 para R$11,00. Em 12 meses, esses papéis acumulam perdas de 58,26% na B3.

Já a Minerva segue se beneficiando “da maior disponibilidade de gado no Brasil e em outros países da América do Sul, aliada à retomada da atividade econômica na China e à abertura de novos mercados”, segundo o time do BB-BI.

Em linha com o contexto favorável, o time de analistas elegeu a Minerva – maior exportadora de carne bovina da América do Sul – como a preferida do setor, mantendo a recomendação de “compra” e elevando o preço-alvo dos papéis ordinários de R$17,00 para R$18,00.

Apesar da recomendação positiva, as analistas afirmaram que a Minerva deve ser a mais impactada entre as rivais pela suspensão temporária das exportações brasileiras de proteína bovina à China após a confirmação de um caso de “mal da vaca-louca” no Pará na semana passada. Em 12 meses, os papéis do frigoríficos sobem mais de 7% na B3.