Por Bruno Andrade
O Banco do Brasil (BBAS3) apresentou um balanço forte e próximo das expectativas positivas do mercado nesta quarta-feira, embora com aumento nas provisões e na inadimplência, ambas puxadas pela crise das Americanas (AMER3). Ao contrário dos pares, o banco estatal preferiu realizar gradualmente as provisões para calote da varejista.
O segundo maior banco da América Latina reportou lucro líquido ajustado de R$8,79 bilhões no terceiro trimestre de 2023, alta de 4,5% na comparação com o mesmo período do ano passado e próximo do TC Consenso de R$8,95 bilhões.
“O resultado é reflexo do crescimento da margem financeira, que somou R$23,7 bilhões, alta de 21,7% na comparação anual. Esse avanço é decorrente dos bons resultados da carteira de crédito e dos títulos e valores mobiliários alocados em tesouraria”, disse o BB no balanço.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) atingiu 21,3% no período, queda de 0,6 ponto percentual em relação ao ano passado e levemente acima dos 21,2% projetados pelo TC Consenso. A cifra ficou acima de outros bancos – o Santander mostrou ROE de 13,1%, e o Itaú, que analistas projetavam como um destaque da temporada junto com o BB, teve ROE de 21,1%.
A inadimplência acima de 90 dias, que tem sido o grande fator de preocupação dos bancos, subiu no BB de 2,73% no segundo trimestre para 2,81% entre julho e setembro. O número ainda é menor que o dos pares, como Itaú e Santander, com inadimplência de 3% no terceiro trimestre.
O aumento no indicador de inadimplência vem na contramão de expectativas mostradas pela administração do banco no trimestre passado. Na coletiva de imprensa do segundo trimestre, o vice-presidente de Finanças e Relação com Investidores, Geovanne Tobias, avaliou que o indicador já havia atingido o pico, de uma forma geral, embora projetando possível aumento no nicho de empresas.
“Atingimos o que seria considerado o pico. Da carteira total, podemos esperar a estabilidade”, afirmou Tobias em evento realizado em 10 de agosto, após o balanço do segundo trimestre de 2023.
Sem citar nomes, o Banco do Brasil culpou novamente a varejista controlada pelos trio de bilionários da 3G Capital pela alta da inadimplência e de suas provisões.
“No terceiro trimestre, o BB realizou provisionamento adicional de operações de empresa do segmento large corporate que entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro de 2023, que saíram de risco G (70%) para o risco H (100%), com impacto de R$ 507,4 milhões no fluxo de despesas das provisões do período”, comunicou a empresa.
Sendo assim, as Provisões para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD) Ampliadas disparam 66,4% e somaram R$7,52 bilhões no ciclo entre julho e setembro.