Por Bruno Andrade
As ações do Banco do Brasil (BBAS3) acumulam alta de 34,5% ao longo de 2023. Os papéis eram negociados a R$ 34,73 em 29 de dezembro do ano passado e terminaram o pregão da última quarta-feira (09) a R$ 46,73.
O investidor que olha essa disparada no acumulado do ano conclui que o papel está em lua de mel com o mercado. Sim, está. Mas no final do ano passado a história era outra.
Entre o fim do segundo turno das eleições presidências e a última semana de 2022, os papéis da empresa recuaram 22,3%. O papel caiu de R$ 44,68 para R$ 34,73. Segundo Carlos Vieira, analista-chefe do TC Matrix, as ações do banco sentiram o peso do risco político, que permeava o mercado após uma eleição polarizada.
“O receio estava relacionado com um possível interferência do governo nas linhas de crédito do banco. Uma possível redução nas taxas de juros cobradas pelo Banco do Brasil pressionaria a lucratividade da instituição financeira”, disse Vieira.
O Faria Lima Journal (FLJ) questionou a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, sobre essa mudança de perspectiva do mercado em relação à ação da empresa. A executiva disse que sua gestão manteve a disciplina exigida pelo mercado.
“A nossa relação com o mercado nunca mudou. Veio uma constatação de que de fato somos disciplinados na execução da estratégia e que a governança corporativa é bastante robusta”, afirmou Medeiros.
Segundo Vieira, a diretoria do banco vem sinalizando, desde o início do mandato, que continuaria operando a instituição como um banco privado. Com isso, os analistas passaram a recomendar compra para o papel.
O Santander acredita que a ação do BB pode subir 60,5% até o final de 2023, na comparação com o fechamento de quarta-feira (9). A estimativa é de que o papel deve encerrar o ano cotado a R$ 75.
Os motivos para esse otimismo é a forte rentabilidade do banco. Na véspera, a empresa reportou lucro líquido ajustado de R$ 8,78 bilhões no segundo trimestre de 2023, alta de 11,7% com relação ao mesmo período do ano passado. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) no segundo trimestre deste ano ficou em 21,3%, alta de 0,50 ponto percentual.
“A empresa também promete pagar 40% do seu lucro em dividendos, o que vemos como algo interessante para o papel”, disseram Henrique Navarro, Arnon Shirazi e Anahy Rios, que assinam o relatório do Santander.
Os especialistas do Itaú BBA também estão otimistas, mas com uma intensidade menor. Eles calculam um preço-alvo de R$ 56 para o final de 2023, o que implica em uma alta de 18,1%.
Parte desse otimismo está relacionado à resiliência do Banco do Brasil frente à inadimplência, na comparação com os demais pares do setor.
O banco de capital misto viu sua inadimplência subir 0,73 ponto percentual, indo de 2% para 2,73%. No Itaú (ITUB4) o índice ficou em 3%, no Santander (SANB11) o indicador fechou o trimestre em 3,3%, e, no Bradesco (BBDC4), ficou em 5,9%.
Sendo assim, o Banco do Brasil passa por um momento de dividendos robustos, valorização das ações e recomendação de compra por parte dos analistas. Cabe ao investidor decidir se vai querer essa empresa na carteira.