Atritos políticos ameaçam processo de nomeações para a Petrobras, dizem fontes

Os partidos do chamado Centrão têm subido o preço para se manter na base aliada e cobraram a abertura de espaço na Petrobras

Agência Brasil
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Por Machado da Costa e Luciano Costa

Atritos envolvendo o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates (PT), e o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), arriscam fazer o processo de nomeações para o Conselho de Administração e diretorias executivas da Petrobras voltar à estaca zero, disseram ao Scoop três fontes com conhecimento do assunto.

De acordo com duas das fontes, que pediram que seus nomes fossem mantidos em sigilo, um acordo contemplando Silveira com duas nomeações no Conselho da Petrobras deverá ser costurado. Contudo, o nome do técnico Bruno Eustáquio continua vetado pelo Planalto.

O retrocesso nas nomeações indica que Prates deverá ter margem apertada no Conselho da Petrobras e poderá enfrentar resistências de grupos mais alinhados ao liberalismo econômico, representados por conselheiros independentes e por alguns nomes sugeridos por Silveira.

Segundo as fontes, Costa e Prates contam com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para endurecer as negociações, mas os partidos do chamado Centrão têm subido o preço para se manter na base aliada e cobraram a abertura de espaço na Petrobras para as nomeações de Silveira. Uma das fontes afirmou que a falta de maioria do governo na Câmara é um fator-chave nas discussões por cargos, que se acirraram.

O motivo por trás do impedimento às indicações de Silveira está na ligação destes nomes com a gestão anterior do MME, comandada pelo Almirante Bento Albuquerque no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Costa e Prates veem influência de Albuquerque e da ex-secretária-executiva da pasta, Marisete Pereira, nas escolhas do atual ministro.

Hoje, a União possui seis das onze cadeiras do Conselho da petroleira. Caso tenha de compartilhar as vagas, Prates contaria com o apoio irrestrito de apenas quatro conselheiros. Assim, planos de investimentos frágeis sob a ótica de risco-retorno poderiam ter dificuldade para passar em um comitê com esta configuração.

Procurados, o MME, a Casa Civil e a Petrobras ainda não responderam aos pedidos de comentários do Scoop.

*Esta reportagem foi publicada primeiro no Scoop, às 13h38, exclusivamente aos assinantes do TC. Para receber conteúdos como esse em primeira mão, assine um dos planos do TC.