Aporte de R$ 4,5 bilhões da Salic e da Marfrig deve agilizar recuperação da BRF (BRFS3)

Ações da empresa disparavam mais de 12% após o anúncio do aporte

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Por Bruno Andrade

As ações da BRF (BRFS3) disparavam 12,38%, a R$ 8,17, por volta das 15h12min desta quarta-feira (31). A alta acontece após a empresa afirmar que recebeu um compromisso de investimento da saudita Salic e da brasileira Marfrig (MRFG3) na quantidade de 500 milhões de ações. O montante do aporte será de R$ 4,5 bilhões. A Marfrig é hoje a maior acionista da BRF.

Para analistas ouvidos pelo Faria Lima Journal (FLJ), a alta do dia decorre do fato de as duas compradoras aceitarem pagar R$ 9 por cada ação da BRF, 24% a mais do que o valor do papel no fechamento da véspera.

“Isso deve fazer o ativo subir até esse patamar no curto e médio prazo”, disse Fernando Siqueira, responsável pela área de research da Guide Investimentos.

Segundo João Abdouni, CNPI da Levante Corp, um outro fator positivo é o uso do dinheiro para a redução da dívida da companhia.

“A BRF fechou o primeiro trimestre de com um endividamento de 3,4 vezes dívida líquida EBITDA este patamar pode cair para cerca 2,5 vezes caso o aumento de capital seja efetivamente concluído. O que melhora bastante a situação do balanço da empresa”, disse Abdouni.

Por outro lado, Fernando Siqueira, da Guide, comenta essa redução é baixa e não deve trazer grandes impactos para o longo prazo.

“A dívida da companhia está por volta de R$ 15 bilhões, e com a nova emissão a empresa pagaria apenas um terço do que deve”, explicou Siqueira.

Investidor da BRF pode ser diluído

Siqueira comenta ainda que o aporte exige que a empresa aumente o número de ações em 500 milhões, e que os compradores desses ativos serão apenas a Marfrig e a Salic, ou seja, o investidor pessoa física será diluído.

“A BRF tem 1 bilhão de ações, com a criação de 500 milhões de ações, haverá um aumento de 50% da quantidade de papéis no capital da companhia, o que não será tão vantajoso para quem estiver comprado”, explica Siqueira.

Ainda assim, o chefe de pesquisas da Ativa Investimentos, Pedro Serra, detalha que essa diluição não deve ser tão ruim, visto que ela vem com um prêmio de 24% sobre o valor da ação para o investidor.

“Eles pretendem pagar R$ 9 por ação, o que deve fazer o ativo se valorizar e operar nesse patamar, ou seja, mesmo com a diluição, o investidor será premiado”, comentou Serra.

Por fim, os analistas do Santander comentam que a injeção de capital deve fazer com que a BRF consiga fazer a reestruturação de uma forma mais rápida.

“Vemos essa possível transação como positiva para a BRF, pois deve responder parcialmente às nossas preocupações em relação a atual estrutura de capital da empresa”, concluíram Rodrigo Almeida e Laura Hirata, que assinam o relatório do Santander.