Por: Ana Luiza Serrão
As ações das Lojas Americanas (AMER3) dispararam nesta terça-feira na B3, em meio a uma visão no mercado de que o pior já passou para a companhia, e expectativas de que um acordo com bancos credores possa se concretizar em breve, disseram especialistas à Mover, embora uma analista de investimentos tenha destacado que o momento para a empresa ainda é de cautela.
Por volta das 16h00, os papéis ordinários da centenária varejista subiam 15,84%, a R$1,17, enquanto o Ibovespa recuava 0,60%, a 125.201 pontos.A Americanas acumula valorização de 37,65% no mês, apesar de ainda mostrar queda de 88,73% em 12 meses, depois que a empresa revelou em janeiro um rombo de R$20 bilhões, atribuído a uma fraude.
De acordo com Joana Bontempo, especializada em Reestruturação de Empresas e Falências e consultora do CSMV Advogados, o eventual acordo com credores é um passo importante para a recuperação da companhia, que está em recuperação judicial e busca definir a forma de restruturação das dívidas.
“O acordo normalmente estabelece a obrigação da empresa de apresentar um plano contendo os termos e condições acordados com os credores, e a obrigação dos credores de votar favoravelmente a esse plano, desde que apresentado nos termos acordados”, explicou.
Além da expectativa de que a aprovação do plano junto aos credores apoie a alta dos papéis, a proximidade da Black Friday também pode ter atuado como um gatilho positivo, disse a analista da Nova Futura Investimentos, Bruna Sene.
Caso tudo ocorra como a Americanas imagina, a empresa espera um EBITDA acima de R$2,2 bilhões até o fim de 2025, com patrimônio líquido positivo e dívida financeira bruta de R$1 bilhão a R$1,5 bilhão. A projeção para a alavancagem no mesmo período é menor que 0,75 vezes, sem considerar os recebíveis.
O momento, no entanto, ainda é de cautela para investidores devido à volatilidade das ações das Americanas, que têm mostrado grandes variações até devido a seu baixo valor atual. “Seria interessante, de repente, até acompanhar a própria movimentação de preços. Eu não entraria nesse momento na Americanas, esperaria, de repente, alguma realização”, disse Sene, da Nova Futura.
Hoje, a Americanas informou em comunicado ao mercado que os termos finais do seu plano de recuperação judicial, assim como eventuais acordos de apoio ao plano com credores, se encontram em negociação até o momento, “não sendo possível precisar se ou quando tais negociações serão concluídas”.
A expectativa da varejista é que a Assembleia Geral de Credores (AGC) possa ocorrer ainda neste ano. Em fato relevante divulgado no último dia 17, a empresa apresentou um pedido de primeira convocação para a AGC no dia 19 de dezembro de 2023 e de segunda convocação em 22 de janeiro de 2024.
(ALS | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)