Americanas (AMER3): Sergio Rial foi implosão controlada em meio à fraude no balanço, diz fonte

Fonte ligado ao comitê independente diz que Sergio Rial é inocente

Agência Senado
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Por Bruno Andrade e Erick Matheus Nery

“A Americanas (AMER3) praticou fraude no balanço por 10 anos e há a suspeita de que Sergio Rial foi usado pela varejista para fazer uma implosão controlada”, afirmou uma fonte ligada as investigações do rombo bilionário nas contas da varejista ao Faria Lima Journal (FLJ) nesta terça-feira (06).

Segundo o entrevistado, que pediu anonimato por ser um dos principais membros da equipe que analisa o caso, a investigação caminha para a possível conclusão de que a gestão de Miguel Gutierrez fraudava o balanço desde 2012 e que a empresa chegou no limite de ruir.

“Desse modo, a investigação encontrou indícios de que a gestão queria encontrar uma forma para comunicar o assunto para poder fazer a recuperação judicial, mas não sabia como fazer isso. Então, surgiu a oportunidade de troca de CEO. Com chegada de Sergio Rial, a empresa poderia anunciar a fraude de forma menos impactante, a culpa não cairia sobre o CEO, visto que ele havia acabado de chegar”, disse.

A fonte explicou que as investigações indicam que Rial não sabia de nada e que ele realmente entrou como “inocente na história”, pois teria sido utilizado como um cavalo de Troia. “Quando ele ficou sabendo de tudo, comunicou o mercado e saiu”, disse.

Mesmo concluindo que houve fraude, a fonte comentou que a investigação só vai focar nos últimos 5 anos. “O volume material é muito grande para apurar, por isso, o comitê decidiu focar nos últimos 5 anos”, disse.

Coletiva e investigação da CVM

Na véspera, Sergio Rial passou a ser investigado em ação da CVM. A medida, de caráter administrativo, tem como objetivo apurar o fato do ex-CEO ter feito uma suposta coletiva de imprensa fechada em uma plataforma do BTG Pactual, o banco é o maior credor em termos percentuais da Americanas.

A coletiva, que deveria ser pública, teve acesso limitado da imprensa e demais interessados ficaram de fora. Houve ainda uma tentativa de distribuição clandestina do vídeo, mas a Americanas derrubou a transmissão. Segundo a apuração do FLJ, a coletiva já era um evento planejado entre a Americanas e o BTG. Ou seja, a reunião online já estava prevista para acontecer e trataria sobre outros assuntos.

Todavia, como a empresa tinha anunciado o rombo na véspera, decidiram não cancelar e usar o evento para fazer o anúncio com mais detalhes.

“Sendo assim, a investigação entende que o BTG também não sabia de nada. O banco ficou sabendo do rombo no comunicado do dia 11 e só teve acesso aos detalhes no evento realizado em sua sede”, afirmou.

Outra fonte da reportagem, próximo da apuração das fraudes, confirmou que a decisão de fazer o evento não foi do executivo e sim da Americanas, para não levantar qualquer suspeita sobre o assunto.

Procurado pelo Faria Lima Journal (FLJ), Sergio Rial não quis comentar o assunto. A Americanas disse à reportagem que as investigações seguem em curso. Confira o posicionamento na íntegra:

A Americanas reforça que, desde o Fato Relevante publicado em 11 de janeiro de 2023, várias medidas foram implementadas, incluindo a instauração de um comitê independente para apurar as circunstâncias que levaram ao fato e o afastamento dos diretores estatutários. A companhia está ainda colaborando com todas as investigações que têm sido realizadas, tanto pela Comissão de Valores Mobiliários como outras autoridades e órgãos competentes e segue com seu compromisso de manter o mercado informado a respeito dos desdobramentos do caso relatado, sendo a maior interessada no esclarecimento dos fatos.