Americanas (AMER3) adia balanço novamente e diz ser vítima de ´fraude sofisticada´

Bancos esperam números para fechar acordo com a varejista

Flickr/Khara
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Por: Bruno Andrade

A Americanas (AMER3) adiou pela oitava vez a divulgação do seu balanço dos resultados de 2022, afirmando ter sido “vítima de uma fraude sofisticada e muito bem arquitetada” que estaria dificultando o fechamento dos números, segundo fato relevante nesta segunda-feira.

A centenária varejista, que entrou em recuperação judicial após a descoberta, ainda em janeiro, de inconsistências nas demonstrações financeiras, mudou a data de divulgação dos dados revistados desta segunda (13) para a próxima quinta-feira (16). A companhia promete uma teleconferência com investidores no mesmo dia, para discutir os resultados e a evolução de seu plano de recuperação judicial.

“Apesar do trabalho de elaboração das  DFs 2021 e 2022 já estar finalizado e dos procedimentos de auditoria de ambas terem sido  substancialmente concluídos, ainda não foi possível cumprir todo o rito interno de aprovação previsto na governança da Companhia”, comunicou a varejista.

O último balanço divulgado pela empresa foi em novembro do ano passado. Em janeiro de 2023, a Americanas entrou com um pedido de recuperação judicial, citando R$43 bilhões em dívidas, após descobrir um rombo de mais de R$20 bilhões em seu balanço.

Na quarta-feira passada, a B3 suspendeu a Americanas do segmento Novo Mercado e multou 22 pessoas da companhia em valores de R$263 mil a R$395 mil por causa da fraude no balanço.

A varejista deve para boa parte do sistema financeiro, que não aceitou a primeira proposta de recuperação judicial devido aos longos prazos de pagamento propostos. Os sócios controladores, os bilionários da 3G Capital, haviam se comprometido inicialmente com um aporte de R$7 bilhões.

Em entrevistas coletivas nas duas últimas semanas, os CEOs dos grandes bancos se mostraram confiantes na perspectiva do fechamento do acordo entre a Americanas e os credores.

O Vice-Presidente de controle de negócios do Banco do Brasil, Felipe Prince, comentou que a morosidade no fechamento de um acordo foi positiva para os bancos.

“Inicialmente, os controladores queriam fazer um aporte de apenas R$7 bilhões, após pressão dos credores de não aceitar esse plano, eles mudaram o aporte para R$12 bilhões. De modo geral, ainda não temos uma definição de prazo para o acordo, mas esperamos receber uma parcela do montante à vista, e isso tende a virar lucro de forma direta”, disse Prince.

O presidente do Bradesco, Octavio Lazari, afirmou que as negociações caminharam muito bem nos últimos 40 dias e que eles pretendem fechar o acordo sobre a recuperação judicial da varejista ainda este ano.

“Ainda temos uma parte da dívida para provisionar, mas estamos otimistas em assinar o fechamento de um acordo até o fim de 2023”, explicou.

O Bradesco acionou a Justiça contra a Americanas para uma produção antecipada de provas, mas acabou suspendendo a ação após chegar a um acordo com a varejista.

Itaú e Santander também mostraram otimismo com o possível acordo, mas também preferiram não estipular uma data para o fechamento. O que esses credores têm em comum é a visão de que a divulgação do balanço da Americanas é fundamental para o consenso entre a varejista e seus financiadores.