Ambev nega acusações sobre "manobras tributárias" e diz que alegações são "oportunistas e irresponsáveis"

Companhia afirmou que notícia veiculada pela Veja "induz o leitor ao erro"

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Por: Luciano Costa e Beatriz Lauerti

A Ambev classificou como “falsas, oportunistas e irresponsáveis” as acusações sobre “manobras tributárias” e um “rombo” em suas demonstrações financeiras citadas em coluna publicada no site da revista Veja na última quarta-feira.

Após a notícia, que citou acusações da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja, CervBrasil, de que a Ambev teria realizado “manobras tributárias”, as ações da companhia despencaram e fecharam em queda de quase 4% na última quarta-feira. A empresa nega as alegações. “As acusações da CervBrasil não têm qualquer embasamento. Calculamos todos os nossos créditos tributários com base na lei”, disse a Ambev em nota.

“Nossas demonstrações financeiras estão de acordo com as regras jurídicas e contábeis, com ampla transparência sobre os litígios tributários envolvendo a companhia”, completou a empresa de bebidas, alegando ainda que “a notícia induz o leitor ao erro”.

A Ambev, ao negar a existência de “rombos” nas demonstrações financeiras, explicou que a questão é que existem alguns litígios tributários em que a companhia diverge da interpretação do Fisco.

As ações da cervejaria chegaram a desabar cerca de 6% depois da repercussão da reportagem, e fecharam em baixa de 3,59%, a R$13,17 na última quarta. Formada por rivais como Grupo Petrópolis e outras empresas menores do setor, a CervBrasil disse ter encomendado estudo que apontaria cerca de R$30 bilhões em créditos fiscais supostamente indevidos da Ambev.

Em relatório divulgado na sequência, analistas do BTG Pactual liderados por Thiago Duarte disseram que os valores citados pela associação são créditos fiscais acumulados e atualmente em discussão entre cervejarias e autoridades fiscais. “A parcela eventualmente relacionada à Ambev é muito menor”, destacaram.

Mesmo em caso de derrota nas discussões tributárias, que envolvem incentivos à produção na Zona Franca de Manaus, a Ambev teria um valor bem menor, de R$5,6 bilhões, em perdas “possíveis” devido à disputa sobre os créditos fiscais, afirmaram os analistas, citando informações da companhia divulgadas no terceiro trimestre. “Mas parece justo dizer que, se esses créditos deixarem de existir, a companhia deverá passar parte desses custos aos preços. Para nós, os maiores riscos para os lucros da Ambev vêm de uma potencialmente ampla reforma tributária, que poderia acabar com isenções fiscais para os juros sobre capital próprio”, apontou o relatório.

Uma eventual perda de força da indústria de cerveja com a desaceleração da economia e efeitos das operações na Argentina também foram colocados como potenciais riscos pelo BTG, que apontou “exagero” na repercussão da discussão sobre os créditos fiscais. O banco, no entanto, segue neutro em relação aos papéis da Ambev.