Em entrevista à TC News

Aeris tem plano para desalavancar e alongar dívidas, diz CFO

Aeris tem plano para desalavancar e alongar dívidas, diz CFO

Por Luciano Costa, Vinicius Custodio e Duda Lopes

São Paulo, 21/06/2024 – A fabricante de pás eólicas Aeris, que tem sido pressionada pelo juros altos e pela baixa demanda por novos projetos no setor no Brasil, trabalha em planos para adequar a estrutura de capital e para gerar receita com exportações, disse nesta quarta-feira o diretor financeiro da companhia, José Azevedo, em entrevista à TC News.

A Aeris, controlada pela família Negrão, do empresário Alexandre Negrão, está listada na bolsa desde 2020. No final do ano passado, levantou R$400 milhões com uma oferta pública subsequente (follow-on) garantida pelo BTG Pactual, que inclusive passou a ter participação na empresa, em movimento que visou iniciar o processo de desalavancagem.

A relação entre dívida líquida e EBITDA LTM da Aeris caiu de 3x para 1,9x após o follow-on, mas voltou a subir e encerrou o segundo trimestre em 2,8x.

“Há um ano começamos um projeto, para isso vim para cá, de realmente ajustar a estrutura de capital. Fizemos o ‘Follow-on’ e estamos com algumas iniciativas em andamento para duas coisas: uma, desalavancar a companhia. A outra, alongar as dívidas, mudar o perfil da dívida”, disse Azevedo, em participação no programa Almoço de Negócios, na TC News.

A Aeris encerrou o segundo trimestre de 2024 com R$977 milhões em caixa, ante vencimentos de dívida de R$151,8 milhões no segundo semestre e de R$779,8 milhões em 2025, além de R$612 milhões em 2026.

EXPORTAÇÃO
Na frente operacional, a Aeris pretende voltar a ter receitas relevantes com exportação, como já aconteceu no passado, após direcionar praticamente todo volume ao mercado brasileiro em 2023, quando a demanda ainda estava aquecida.

Na frente operacional, a Aeris pretende voltar a ter receitas relevantes com exportação, como já aconteceu no passado, após direcionar praticamente todo volume ao mercado brasileiro em 2023, quando a demanda ainda estava aquecida.

“O que nós vemos para os próximos anos é que nossa receita com exportação atinja entre 30% e 40% (do total), principalmente nas Américas”.

Mas, embora os Estados Unidos estejam no radar, devido ao acelerado crescimento, a Aeris tirou o pé de planos para uma fábrica no país, e buscará atender a demanda americana com exportações.

“Lá temos um risco que sempre analisamos, que é de falta de mão de obra. O desemprego está muito baixo, e para nós não dá para encarar um projeto desses sem certeza de que vamos ter mão de obra para atender. Se tivermos no Brasil um apoio para a energia eolica como um todo, nós somos competitivos para exportar. Para nós o ideal é aumentar produção aqui, criar empregos e exportar”, explicou o CFO.

RETOMADA
A Aeris está projetando melhora dos negócios principalmente em 2026, uma vez que 2024 tem sido ainda mais desafiador que o previsto, e 2025 será um ano de troca de linhas de produção e instalação de novas, que entrarão em “ramp-up”.

Mas a companhia e outras do setor de energia eólica têm se movimentado para pedir algum apoio do governo, como linhas de crédito incentivado para o segmento, ou iniciativas como leilões de energia de reserva para contratação de novos projetos. “Acredito que alguma coisa acontecerá nos próximos meses”, afirmou o CFO.

Ele também garantiu que os controladores, da família Negrão, seguem comprometidos com a empresa após o “Follow-on”, e que eles estão vendo recuperação do negócio à frente.

“Continua tudo normal. E o que eles estão enxergando, o retorno que estão nos dando, até para definição da estratégia, é que nós realmente temos ´backlog´ para voltar a partir de 2026 muito mais fortes. Então acreditam muito no negócio e continuam muito próximos”.

As ações da Aeris operavam em queda de 1,5% por volta das 16h10 desta quarta-feira. No mês, o papel dispara 71,35%, embora estejam no negativo no acumulado do ano, em -49%.