Por Luciano Costa
As ações de grupos do setor elétrico avançavam fortemente nesta sexta-feira (23) na B3, com quatro empresas entre as maiores altas do Ibovespa, após o governo ter divulgado na noite de ontem diretrizes para o processo de renovação de contratos de concessão de companhias de distribuição de energia que vencem nos próximos anos.
Por volta de 13h53, o Índice de Energia Elétrica da B3 saltava 3,33%, bem acima dos ganhos de 0,27% do Ibovespa no mesmo horário, aos 119,25 mil pontos. As ON da CPFL Energia (CPFE3) subiam 8,10%, as da Energisa (ENGI11), 7,13%, as da Equatorial (EQTL3), 6,20%, enquanto as da Light (LIGT3) avançavam 2,26%.
Analistas do Bank of America escreveram em relatório recente que a definição sobre o futuro das concessões poderia reduzir incertezas e aumentar o apetite de investidores por ações de elétricas.
Pela proposta do governo, colocada em consulta pública, as distribuidoras de energia poderão renovar os contratos por 30 anos, desde que sejam atendidos “requisitos mínimos de qualidade na prestação de serviço, bem como na sua gestão econômico-financeira”, e as empresas terão a opção de antecipar a decisão sobre a prorrogação, o que atende interesses da Light, cujo contrato encerra em 2026.
A Light entrou em recuperação judicial após dificuldades para rolar dívidas devido à perspectiva do vencimento da concessão, e executivos da distribuidora de energia já disseram que pretendem antecipar essa definição junto ao governo.
O governo também está estabelecendo “contrapartidas sociais” para as concessões, confirmando informações antecipadas pelo Scoop em 5 de abril. Isso deverá resultar em investimentos em eficiência energética e em painéis solares para reduzir custos de energia na operação de cisternas e poços artesianos, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME).
O Bradesco BBI avaliou que as regras propostas pelo governo ficaram em geral dentro do esperado e trazem pontos positivos, “embora o diabo more nos detalhes”, com analistas citando que ainda não é possível entender o volume dos investimentos em “contrapartidas sociais” e nem como eles seriam financiados.
A surpresa negativa foi uma proposta do MME que prevê capturar parte dos benefícios fiscais de distribuidoras que atuam no Norte e Nordeste para viabilizar investimentos, “o que se aplicaria para algumas distribuidoras de Equatorial, Energisa e Neoenergia”, segundo o BBI.
A equipe do Safra avaliou que poderia haver reação negativa do mercado à proposta do governo, mas disse esperar mudanças nas regras após a versão pública. “Esperamos um intenso debate sobre o tema”, escreveram os analistas.
O Itaú BBA também disse avaliar haver espaço para “mudanças significativas” nos termos inicialmente propostos. O banco disse que mantém a Equatorial como preferida no setor, e também gosta da Energisa e da CPFL entre as empresas com exposição à distribuição de energia.