São Paulo, 18/03/2025 – As ações da Petrobras podem passar por uma forte reprecificação caso os mercados passem a considerar maiores chances de uma guinada política à direita no Brasil nas eleições de 2026, afirmaram analistas do Bank of America em relatório.
“A Petrobras frequentemente surge como um potencial veículo para captar uma narrativa de mudanças no cenário político… Embora reconheçamos que, mesmo sob um governo de direita, a possibilidade de privatização da Petrobras seja extremamente baixa, acreditamos que o mercado pode começar a precificar essa probabilidade caso esse cenário se concretize”, escreveu o BofA sobre a estatal.
“Consideramos que as ações da Petrobras podem sofrer uma reprecificação significativa, reduzindo ainda mais o desconto em relação às gigantes globais”, acrescentaram os analistas, referindo-se aos múltiplos utilizados na avaliação do valor das companhias.
Atualmente, a Petrobras negocia com um múltiplo EV/EBITDA (valor da empresa sobre resultado operacional) projetado para 2026 com desconto médio de 35% em relação às chamadas majors, como Exxon, Chevron e Shell.
“Em um cenário mais otimista (bull case), no qual a Petrobras passaria a negociar em paridade com as majors privadas, poderíamos ver o valor presente líquido das ações da Petrobras próximo dos níveis de R$65,00”, calcularam os analistas. “Cada 0,5x de reprecificação na ação gera um potencial aumento de VPL de R$5,50 a R$6,00 por ação.” As ações PN da estatal encerraram hoje a R$36,19.
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O banco americano também destaca que a expectativa de uma mudança política não é exclusiva do Brasil, já que outros países da América Latina, como Chile e Colômbia, também aguardam eleições que podem resultar na saída de governos de esquerda, geralmente vistos como menos amigáveis ao mercado.
Entre as possíveis mudanças na Petrobras sob uma gestão alinhada à direita, o BofA menciona o corte de custos operacionais, que aumentaria a rentabilidade, a redução de investimentos em energias renováveis e um maior foco nas atividades de exploração e produção (E&P), que oferecem retornos mais elevados. Além disso, o banco aponta a possibilidade de redução do custo de capital e da percepção de risco, e especulações sobre privatização.
Na reta final do mandato, em meados de 2022, o ex-presidente Bolsonaro aprovou início de estudos técnicos para potencial privatização futura da Petrobras, proposta apresentada pelo então ministro de Minas e Energi Adolfo Sachsida. O plano acabou totalmente descartado com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de outubro daquele ano.
(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)
