Ação da Cemig tem maior queda na B3 desde pandemia com possível federalização

Queda dos papéis foi pressionada pela notícia de que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), estaria "de acordo" com a proposta de federalizar as duas empresas

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Por: Luciano Costa

As ações das estatais mineiras Cemig (CMIG3, CMIG4) e Copasa (CSMG3) despencaram abruptamente na tarde desta quarta-feira na B3, com a elétrica registrando a maior queda desde a pandemia, em março de 2020, em meio a temores de federalização das empresas.

Por volta das 16h23, as PN da Cemig desabavam 12,4%, a R$11 cada, enquanto as ON da Copasa caíam 5,6%. No mesmo horário, o Ibovespa avançava 0,15%, aos 125,8 mil pontos. As negociações com as ações da Cemig dispararam para R$103 milhões em volume financeiro em um intervalo de 15 minutos, ante média de R$4 milhões em dias normais.

A queda dos papéis foi pressionada pela notícia de que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), estaria “de acordo” com a proposta de federalizar as duas empresas em troca do abatimento de dívidas com a União, publicada pelo jornal O Globo.

A federalização foi sugerida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), que é próximo do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD). A operação seria uma alternativa ao Plano de Regime de Recuperação Fiscal, diante de dívidas de cerca de R$160 bilhões de Minas Gerais com o governo federal.

Analistas do Itaú BBA disseram em relatório que uma federalização seria “muito negativa” para as duas estatais. “Provavelmente resultando em mudança na gestão e no plano estratégico dessas empresas. Em nossa visão, Cemig e Copasa têm uma boa administração”. Eles ponderaram, no entanto, que as operações precisariam ser aprovadas na Assembleia Legislativa de MG, na Câmara dos Deputados e no Senado. “Dado o caminho desafiador até a federalização, não entraríamos em pânico com essa notícia”.

O BBA sugeriu aos clientes, em relatório divulgado em 20 de novembro, que não entrem em Cemig neste momento, mesmo com a queda dos papéis, uma vez que pode haver mais notícias potencialmente negativas para a empresa à frente.

A federalização da Cemig em troca de abatimento de dívidas vinha sendo cogitada em Brasília desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e ganhou força no último mês, segundo uma fonte que acompanha o assunto e falou à Mover sob a condição de anonimato.

(LC | Edição: Gabriela Guedes | Comentários: equipemover@tc.com.br)