O dinheiro é um item essencial no nosso dia a dia e a utilização dele é inerente às diferentes demandas da nossa vida. O fato é que atualmente o dinheiro tem diferentes facetas além das tradicionais cédula e moedas: pix, cartão de crédito, débito, boleto, e por aí vai. Mas, apesar de suas alterações ao longo do tempo, muitas pessoas são curiosas quanto à fabricação e origem das moedas brasileiras. Afinal, seria impossível elas brotarem magicamente de algum lugar.
Nesse sentido, surge a figura do principal órgão que é responsável pela fabricação do dinheiro brasileiro: a Casa da Moeda do Brasil (CMB).
Hoje te explicamos um pouco mais sobre a história e o funcionamento desta instituição que é muito importante para a economia brasileira.
Quem faz o dinheiro do Brasil? Conheça a Casa da Moeda
Apesar de atualmente o dinheiro ter diferentes faces e utilizações, a principal delas continua sendo as moedas (ao falar de moedas, nos referimos às cédulas de papel e também as moedas metálicas). A sua fabricação é feita na Casa da Moeda do Brasil, localizada em Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro.
História da Casa da Moeda do Brasil
A Casa da Moeda do Brasil (CMB) é uma empresa pública que pertence ao Ministério da Fazenda e foi fundada em 8 de março de 1694. Foi criada no Brasil Colônia pelos governantes portugueses para fabricar moedas com o ouro proveniente das minerações.
Isto porque, na época, apesar do comércio em expansão, a inexistência de moedas originais locais estava causando desordem monetária, influenciando negativamente o comércio e a sociedade. Assim, a criação da Casa da Moeda do Brasil era imprescindível para atuar neste problema.
Assim, logo em seguida, um ano após a instauração da instituição, aconteceu a cunhagem das primeiras moedas genuinamente brasileiras em Salvador (primeira sede da CMB). As moedas eram de 1.000, 2.000 e 4.000 réis, em ouro, e de 20, 40, 80, 160, 320 e 640 réis, conhecidas como “série das patacas”.
Daí em diante passou a produzir além das moedas, as cédulas (papel moeda) e também, alguns produtos de segurança.
Com o passar dos anos e o desenvolvimento da economia, a sede da Casa da Moeda do Brasil, após passar alguns anos no Nordeste brasileiro e em Minas Gerais, foi transferida para o Rio de Janeiro. Instalada no Rio, a CMB teve a nova sede inaugurada em 1868. Já no período de 1964 a 1969, as instalações foram modernizadas com o objetivo de fornecer a autossuficiência do país na produção da moeda.
O objetivo de conseguir a autossuficiência na produção de moeda foi atingido em 1968 e foi um evento que surpreendeu os especialistas internacionais da área.
Em período posterior, o crescimento da economia brasileira demandou expansão da capacidade produtiva da casa da moeda do Brasil. Assim, um novo complexo industrial foi criado, que hoje representa um dos maiores do gênero no mundo, construído em 1984, no Distrito Industrial de Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Além disso, a Casa da Moeda do Brasil esteve presente em um dos períodos mais importantes do Brasil, durante o Plano Real, em 1994. Plano este que visava então o combate à inflação. Nesse sentido, a CMB foi a responsável por produzir em um período reduzido de tempo todas as novas cédulas e moedas no novo padrão monetário adotado pelo Brasil, o Real.
Além disso, vale salientar que no principal complexo fabril situado no Rio de Janeiro, estão instaladas fábricas de cédulas; de moedas e medalhas; de impressos; e de passaportes.
Na área de impressos a Casa da Moeda produz documentos de segurança diversos como passaportes, selos fiscais, selos postais, diplomas, certificados e outros produtos gráficos de segurança.
As etapas do dinheiro
O dinheiro brasileiro obedece às etapas naturais da criação de um determinado item. Ou seja, ele é fabricado, porém em um determinado momento será descartado. Sobretudo, o dinheiro não é um papel comum, pois é feito para circular sem um determinado prazo de validade. Porém, dado as condições deste papel, será necessário tirá-lo de circulação.
Entretanto, vamos por partes. Para a fabricação do dinheiro, existem duas grandes distinções: as cédulas ou as moedas. Cada uma delas demandam etapas de criação.
Na Casa da Moeda do Brasil, a fabricação de cédulas tem capacidade para atender todo o território nacional. O processo envolve profissionais das áreas de produção, técnica, engenharia de produto e design. Inicialmente faz-se a impressão das cédulas, após isso é necessário a etapa de realização das gravuras, para fazer aquelas elevações que você percebe na nota.
Após isso, é realizada a inserção do valor da nota e número de série. Por fim, é feito um processo de averiguações finais, como o peso e as dimensões do papel, verificação da porosidade do papel-moeda e etc.
Já as moedas, passam por um processo diferente. O processo de fabricação passa pelas etapas de cunhagem (processo pelo qual as moedas passam para serem gravadas), contagem e embalagem.
Assim, vemos que inicialmente as cédulas e as moedas são fabricadas na Casa da Moeda. Entretanto, para circulação delas em território Brasileiro, a figura do Banco Central entra em ação, emitindo estas recém notas e moedas ao Banco do Brasil.
Isto porque é o Banco do Brasil que é contratado para distribuir o dinheiro entre os demais bancos. Em conseguinte, nas agências, as cédulas são sacadas e circulam entre as pessoas.
Quando o dinheiro fica velho para onde ele vai?
Após todo esse processo de fabricação e circulação, eventualmente as cédulas podem sofrer deterioração, seja pelo tempo ou pela ação humana. Assim, de acordo com o Banco Central, elas poderão ser retiradas de circulação quando estiverem manchadas, sujas, desfiguradas, gastas ou fragmentadas, com marcas, rabiscos, símbolos ou desenhos.
Também não podem circular as cédulas com cortes ou rasgos em suas bordas ou interior; queimadas ou danificadas por ação de líquidos, agentes químicos e explosivos.
Aquelas cédulas que estiverem apenas desgastadas, com aspecto envelhecido, poderão circular sem problemas. Entretanto, quando elas chegam aos bancos, elas normalmente não voltam à sociedade pois os bancos podem selecionar aquelas células que voltarão ou não a circular, dado o seu estado.
Assim, todo o dinheiro que for considerado inapropriado para a circulação são picotados e compactados em volumes pelo Banco Central. Posteriormente, fazem a devida destinação, grande maioria alocada em reciclagem.
Esse trabalho de reciclagem é feito em Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife e Belém.
Brasil e as moedas ao longo do tempo
O primeiro “dinheiro” oficial brasileiro foi o Réis, que ficou mais de 400 anos em circulação e durou mais no Brasil. Daí em diante o Brasil teve uma série de moedas diferentes. De forma sumarizada, as moedas brasileiras e os respectivos períodos em que esteve em circulação são:
- Réis – do período colonial a 1942
- Cruzeiro – de 1942 a 1967
- Cruzeiro Novo – de 1967 a 1970
- Cruzeiro – de 1970 a 1986
- Cruzado – de 1986 a 1989
- Cruzado Novo – de 1989 a 1990
- Cruzeiro – de 1990 a 1993
- Cruzeiro Real – de 1993 a 1994
- Real – de 1994 aos dias atuais
Por que o Brasil já teve tantas moedas?
A troca da moeda é uma tentativa de conter a inflação do país. Isso ocorre, pois, por definição, a inflação significa a corrosão do poder de compra da moeda, instaurando cada vez menos a valia dela. Assim, com diferentes conturbações na economia de um país, sua moeda pode ficar enfraquecida e menos valiosa, sendo necessário cada vez mais dinheiro para comprar itens básicos, por exemplo.
Nesse sentido, com o descontrole da inflação, a moeda vai perdendo seu valor e a sociedade vai cada vez mais sofrendo pela perda do poder de compra. Assim, a instauração de uma nova moeda funciona como um botão de “restart” na política monetária de um país.
Ao estabelecer uma nova moeda, conjuntamente é estabelecido uma nova política monetária e uma nova percepção de valor, servindo como um mecanismo para contenção do descontrole inflacionário.
Conclusão
A Casa da Moeda do Brasil é uma instituição vinculada ao Ministério da Fazenda do Brasil e é responsável pela fabricação do dinheiro brasileiro, estando presente no Brasil em períodos importantes como durante o Plano Real, em 1994.
O dinheiro brasileiro é fabricado e pode ser necessário sua retirada de circulação, que ocorre quando há uma deterioração da moeda, seja pelo tempo ou pela ação humana. Além disso, as moedas tiradas de circulação são usadas em reciclagem, inclusive, para produzir novas moedas.
Vale salientar que o Brasil já possuiu diversas moedas ao longo da sua história, em decorrência de períodos inflacionários enfrentados pelo país.