Lei da Oferta e Demanda: como movimenta o mercado financeiro?

Entenda o equilíbrio de mercado: o encontro entre oferta e demanda.

Banco interno
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Preço é o que se paga e valor é o que se leva. Se você está no mundo dos investimentos, certamente já ouviu essa frase por aí. Mas, você já parou para pensar que atribuir valor para “o que se leva” é algo muito mais subjetivo do que se espera? A lei da Oferta e Demanda explica essa relação e nos dá insights sobre o funcionamento da economia.

Basicamente, observando o funcionamento econômico da sociedade, a Lei da Oferta e da Demanda postula que numa sociedade, cada indivíduo tentará puxar o preço para um ideal mais conveniente para si, funcionando como um cabo de guerra. Assim, sempre existirão forças empurrando e forçando direções opostas de uma mesma situação.

Isto ocorre porque atribuir valor monetário a um item é uma perspectiva subjetiva. Ou seja, cada pessoa irá definir o quanto valoriza aquele determinado item, seja ela qual for, e a partir disso, atribui um preço que está disposto a pagar.

Nesse sentido, dado que cada pessoa pode ter um entendimento distinto da outra, o cabo de guerra se estabelece e cada indivíduo tenta puxá-lo para o lado que for mais conveniente. 

Sobretudo, apesar do entendimento simplificado da temática para efeitos introdutórios, a Lei da Oferta e da Demanda é uma das principais teorias da macroeconomia, tendo algumas particularidades importantes na hora de compreendê-la. 

O que é a oferta e demanda e quem a determina?

A oferta e a demanda são duas variáveis econômicas que andam lado a lado e integram uma das teorias mais relevantes no campo da macroeconomia, a Lei da Oferta e Demanda, criada por Adam Smith.

Conjuntamente, elas conseguem direcionar o entendimento de diversos fatores relacionados às oscilações dos preços encontrados no mercado. Além disso, uma de suas aplicações mais práticas está no cotidiano da sociedade.

Assim, o entendimento de mercado vai muito além do financeiro. Para efeitos de entendimento, mercado é conceituado como um local (metafórico) onde concentra grupos de compradores e vendedores de um determinado bem ou serviço.

Certamente, você deve ter percebido que alguns itens de compra tendem a ter variações nos preços maiores que outros e em diferentes períodos de tempo. Nesse contexto, a oferta e a demanda são diretamente aplicáveis à precificação observada nos produtos, seja ele de consumo, vestuário, ou qualquer outro setor.

Além disso, essas oscilações estão relacionadas com diferentes fatores que influenciam a percepção de valor e consequente precificação por parte dos consumidores. 

Mas, vamos por partes, primeiramente você precisa entender o que é a oferta e a demanda e o que de fato elas significam. Para auxiliar no entendimento, você precisa se familiarizar com um termo econômico, o “Ceteris Paribus”.

Esse conceito se traduz como “todo o resto é constante”, e basicamente implica dizer que ao observar uma variável, está sendo considerando que todo o restante que possa estar relacionada a ela permanece inalterada. 

É válido salientar que essa conceituação é primordial para entender a lei da oferta e da demanda, pois, como dito, existem diversos fatores que influenciam o mercado e a percepção de valor das pessoas.

Entretanto, não significa dizer que estas variáveis de influência estão, efetivamente, constantes. Este preceito é fundamentalmente teórico para efeitos de facilitação de aprendizagem.

A demanda

A demanda também é conhecida como procura. Basicamente, é o quanto as pessoas (sociedade em geral) buscam por determinado produto ou serviço. Assim, a demanda pode ser classificada como a quantidade de produtos e/ou serviços que os consumidores desejam adquirir em um determinado período de tempo.

Dessa forma, a procura ou a demanda por um determinado bem pode ser influenciada por diversos fatores. Lembre-se que a atribuição de valor para o item está diretamente atrelada a outros fatores e, por isso, é uma métrica subjetiva. 

Assim, a demanda pode ser influenciada, por exemplo pelos seguintes fatores:

  • Preço do produto ou serviço no período observado
  • Preço do produto ou serviço substituto (concorrente)
  • Preço do bem complementar (aquele que complementa o uso do bem em questão, por exemplo, combustível para o carro)
  • A renda do consumidor
  • As suas preferências de consumo

Entretanto, as explicações aqui limitam-se à não incorporação destes fatores, seguindo a teoria pura no que diz respeito à lei da oferta e da demanda, obedecendo o Ceteris Paribus.

Como a demanda representa a procura por um item, a teoria defende que quanto maior o preço do bem (produto ou serviço), menor será a demanda. Ou seja, menor será a quantidade de consumidores buscando estes bens. 

Assim, o contrário também é verdade, quanto menor for o preço do bem, maior será a demanda por eles. Podemos compreender a demanda como sendo os consumidores de produtos e serviços.

Nesse sentido, se traçarmos uma relação gráfica entre demanda e preço, teremos uma relação inversamente proporcional. Quando um cresce o outro decresce e vice versa. Assim, a demanda representa uma curva negativa onde relaciona a quantidade de consumidores (demanda) com o preço de um determinado bem. Graficamente, temos:

A oferta

A oferta é o contraponto da demanda. Ela pode ser classificada como a quantidade de produtos e/ou serviços que os produtores desejam produzir e oferecer para comercialização em um determinado período de tempo. 

Sendo assim, a oferta é a ponta que falta para equalizar a teoria. Se a demanda são os consumidores, então a oferta representa os vendedores e fornecedores dos bens a serem consumidos.

Assim como a demanda, a oferta de bens e serviços também é afetada por diversos fatores. Para fins de exemplificação, pois para entendimento da oferta também supomos o Ceteris Paribus, alguns fatores que a influenciam são:

  • Preço do produto ou serviço
  • Preço dos insumos para a produção do bem
  • A tecnologia
  • Custo de produção

Com relação a seus desdobramentos, a lei da oferta explica que quanto menor for o preço de determinado produto, menos os vendedores estarão dispostos a vender seus produtos, pois obteriam uma margem de lucro menor. Assim, o contrário é verdadeiro, quanto maior o preço de determinado produto, mais os vendedores estarão dispostos a ofertar este produto.

Nesse sentido, se traçarmos uma relação gráfica, diferentemente da demanda, teremos uma relação diretamente proporcional. Quando um cresce, o outro cresce conjuntamente. Assim, a oferta representa uma curva positiva onde relaciona o preço com a quantidade (oferta) de um determinado bem no mercado. Graficamente, temos:

Dado esse contexto explicativo, é notável que tanto a oferta quanto a demanda tem um poder explicativo muito interessante, além de ser de simples compreensão. Conjuntamente, a Lei da Oferta e da Demanda possuem uma importância muito grande, pois ela influencia diretamente na produção e precificação dos produtos na sociedade.

Assim, ela consegue explicar quando notamos que um determinado produto está em falta no mercado ou em pouca quantidade, bem como os seus preços estejam elevados. O funcionamento da oferta e da demanda é essencial na precificação dos itens. 

Além disso, vale ressaltar que ela não é determinada por algum agente em específico, não há uma regra sobre a lei da oferta e da demanda. Sua definição ocorre naturalmente no mercado, sendo direcionado pelos agentes envolvidos e os fatores de influência.

Encontro entre oferta e demanda: o equilíbrio de mercado

A lei da oferta e da demanda se constitui dos conceitos da oferta e da demanda, e em especial quando estas se equilibram. Basicamente, o equilíbrio de mercado é o ponto de encontro das curvas de oferta e demanda. 

Ou seja, é o cenário em que o nível de preços praticado é o que iguala tanto a quantidade de oferta quanto a quantidade de demanda (procura pelos agentes consumidores).

Agora, sabendo que tanto a oferta quanto a demanda se comportam de acordo com as suas particularidades, você deve estar se perguntando: como ocorre o equilíbrio de mercado? Como há o encontro entre a oferta e a demanda? A que preço isso acontece?

A resposta é que a interação entre a curva da demanda (consumidores) e a curva de oferta (produtores) determina tanto a quantidade quanto o preço de equilíbrio do mercado. 

Graficamente temos o seguinte:

No gráfico é evidenciada a interação entre as curvas de oferta e demanda dos agentes. A curva de demanda é a representação do conjunto de infinitas combinações de demanda que as pessoas possuem para aquele determinado bem. Isto ocorre porque cada pessoa tem suas preferências de preço e consumo.

Em paralelo, o mesmo ocorre com a curva da oferta. Cada ofertante com a sua escala de produção e capacidade de insumos possui uma combinação de quantidade do bem a ser ofertado e a que preço ele deve ser ofertado para que o seu negócio se sustente e continue a ofertar os seus produtos.

Assim, o equilíbrio de mercado ocorre quando essas curvas de encontram, representando a combinação entre preço e quantidade que satisfaz ao mesmo tempo as preferências dos agentes de mercado (ofertantes e demandantes). Este preço é conhecido como um preço de equilíbrio, o exato ponto onde as duas partes aceitam aquele preço. 

Trazendo estes conceitos dessa forma, aparentemente é algo simples e em tese, existe um preço que seria aceito pelas duas pontas do mercado (quem demanda e quem oferta). Entretanto, algumas dúvidas pertinentes dizem respeito à formação de mais de um ponto de equilíbrio. Será que é possível?

Apesar de que existem várias combinações de preço e quantidade, tanto da ótica do produtor quanto da ótica do consumidor, não é possível haver mais de um ponto de equilíbrio.

Isto ocorre porque um dos presságios da lei da oferta e da demanda é de que os agentes são racionais. Ou seja, o mercado sempre irá convergir para um comportamento único, indo atrás do equilíbrio de mercado.

Sobretudo, não havendo equilíbrio, o que toma conta do cenário é o desequilíbrio de mercado que basicamente ocorre quando há excesso de oferta ou escassez de demanda. 

Desequilíbrio do mercado

Como mencionado, quando há excesso de oferta ou escassez de demanda, a curva de oferta e de demanda ficam fora do ponto de equilíbrio. 

Para entender isso é simples, seria o mesmo que pensar que um determinado número de unidades de um mesmo produto está sendo vendido, mas ninguém está disposto a comprar. Logo, haverá desequilíbrio e os preços estarão fora do ponto de equilíbrio. 

Para o equilíbrio se estabelecer, a oferta e a demanda precisam convergir até um ponto que seja atrativo para as duas partes.

Nesta situação, de acordo com a lei da oferta, haverá excesso de oferta dos produtos se os preços não forem aceitos pelos demandantes. Então, para sair desse desequilíbrio, o ofertante vai diminuindo os preços como forma de estimular a demanda por seus produtos, e proporcionalmente vai eliminando o excesso de oferta. 

Nesse sentido, como você já deve estar imaginando, para eliminar o excesso de oferta (ou para que não haja excesso), os agentes ofertantes devem igualar o seu preço praticado ao preço de equilíbrio de mercado. 

O que influencia o equilíbrio de mercado?

De modo geral, diversos fatores podem influenciar a oferta e a demanda de produtos. De mesmo modo, o equilíbrio de mercado pode ser afetado, convergindo, naturalmente, com novos preços praticados pelo mercado. 

Nesse sentido, apesar de na lei da oferta e demanda o ponto de equilíbrio ser tido como um só, ele não é imutável.

Nesse sentido, alguns fatores que podem influenciar a oferta e a demanda e por consequência o equilíbrio de mercado, são:

  • Aumento permanente na renda dos indivíduos: Isto porque quanto maior a renda, em tese, maior é o consumo dos indivíduos. Assim, a curva da demanda se desloca paralelamente para a direita, desfazendo o equilíbrio inicial e gerando novos níveis de preço e quantidade que constituem o equilíbrio de mercado;
  • O adendo de novas tecnologias: A inserção de inovações na cadeia produtiva dos ofertantes permite novos níveis de produção. Assim, a curva de oferta se desloca para a direita, desfazendo o equilíbrio inicial e gerando novos níveis de preço e quantidade que constituem o equilíbrio de mercado;
  • A interferência do governo tabelando preços: ao definir um novo preço ao mercado, independente do que este já pratica, o Governo força com que a curva da demanda se desloque para ir de encontro ao equilíbrio de mercado;

Sobretudo, é importante mencionar que esses são apenas alguns exemplos gerais que influenciam a oferta e a demanda, não exaurindo a enorme gama de acontecimentos que podem afetá-los.

Diversos acontecimentos específicos ou não são potenciais contribuidores para essas alterações. Por exemplo, alterações climáticas podem influenciar a oferta de alguns produtos alimentícios. De mesmo modo, mudanças significativas em alguns setores podem influenciar a demanda por alguns produtos ou serviços e assim sucessivamente.

Conclusão

A oferta e a demanda são duas variáveis econômicas que andam lado a lado e integram uma das teorias mais relevantes no campo da macroeconomia, a Lei da Oferta e Demanda, criada por Adam Smith.

Conjuntamente, elas conseguem direcionar o entendimento de diversos fatores relacionados às oscilações dos preços encontrados no mercado. Além disso, uma de suas aplicações mais práticas está no cotidiano da sociedade.

Sobretudo, sua aplicação também ocorre no mercado financeiro, tanto observando a questão da oferta e a demanda de alguns ativos financeiros, quanto os efeitos que as alterações nessas variáveis possuem a partir de outros setores da economia como um todo.

Alguns exemplos de influência da lei da oferta e da demanda nos investimentos pode ser visto, por exemplo, no mercado de ações. Imagine a situação em que a oscilação de preço provoca a compra deste ativo em massa. Aqui, aplica-se o excesso da demanda que pode não ser racionalmente explicada, gerando uma brecha. Assim, quando a demanda encontrar a oferta e o equilíbrio de mercado se estabelecer, quem acompanhou a manada pode perder dinheiro.

Entretanto, é importante ressaltar que a queda de um ativo nem sempre irá provocar uma compra massiva de seu papel. Ou seja, é importante conseguir identificar o que faz parte de algo normal e aquilo que é pura especulação. 

Por fim, esses insights podem fazer você aproveitar os momentos de excesso de oferta ou excesso de demanda. 

Ao tomar boas decisões em momento de desequilíbrio de mercado, você pode lucrar quando o mercado tender ao equilíbrio. Isso, claro, se não houver uma mudança estrutural nessa relação, podendo o mercado não voltar ao equilíbrio anterior. 

Sobretudo, para estar atento a essas questões, precisa compreender os fatores que podem estar influenciando a oferta e a demanda e assim, tomar decisões mais conscientes e assertivas.