Corano é sócio-fundador da Corano Capital, em NY

Economista Bruno Corano, em coluna para FLJ: ´Menos é mais´

Economista Bruno Corano, em coluna para FLJ: ´Menos é mais´

São Paulo, 13/01/2025 – A simplicidade é a melhor estratégia no cenário econômico atual. O conceito de “menos é mais” é aplicável em diversas áreas: negociações, processos decisórios, estratégias logísticas, físicas ou financeiras. No mercado financeiro, especialmente no Brasil, essa abordagem pode fazer toda a diferença.

A situação econômica tem se deteriorado nos últimos meses, e as perspectivas futuras não são animadoras. No entanto, é importante lembrar: dinheiro não tem partido político. Independentemente das preferências ou contextos econômicos e monetários, a prioridade deve ser a gestão eficiente dos nossos recursos financeiros.

Isso não significa que fatores políticos e econômicos sejam irrelevantes. Pelo contrário: eles, junto aos ciclos econômicos e mercados globais, são determinantes para o cenário financeiro. Contudo, estão fora do controle individual dos investidores e dependem de decisões políticas e governamentais.

Quando analisamos a história dos países que mais prosperaram no pós-guerra, identificamos padrões claros de boas práticas econômicas. Não há segredo: sabemos o que precisa ser feito para alcançar crescimento econômico sustentável. Além disso, o crescimento é a ferramenta mais eficaz para reduzir a pobreza, diminuir desigualdades sociais, melhorar o acesso à saúde e à educação e aumentar a segurança.

Por outro lado, a América do Sul, incluindo o Brasil, tem um histórico de decisões econômicas equivocadas, o que limita seu desenvolvimento. Discutir as razões dessas escolhas pode ficar para outro momento. Por ora, é importante entender o contexto em que estamos inseridos.

Historicamente, o Brasil sempre figurou entre os países que pagam os juros reais mais altos do mundo. Nos últimos 30 anos, o CDI superou praticamente todas as outras alternativas de investimento em reais, incluindo a bolsa de valores. Hoje, não seria diferente. No cenário atual, investir em qualquer ativo que não esteja atrelado aos juros reais, oferecendo liquidez e segurança, é arriscado e pouco racional.

Para justificar a diversificação, seria necessário um nível elevado de conhecimento, consciência e fundamentos sólidos. Porém, a realidade é que, na maioria das vezes, mesmo investidores que acreditam ter esses elementos acabam enfrentando perdas. Ou seja, apenas uma minoria muito restrita consegue sucesso, o que reforça a necessidade de cautela e simplicidade na tomada de decisões.

O problema é que muitos investidores, e até mesmo consultores financeiros, não reconhecem que menos é mais. Insistem em buscar estratégias complexas, muitas vezes pressionados por clientes que esperam soluções “milagrosas”. Isso lembra um grande amigo médico, que atua na endocrinologia de um dos hospitais mais renomados do Brasil. Ele relata que, se não prescreve uma lista de medicamentos manipulados, é julgado como incompetente pelos pacientes, mesmo quando a solução mais simples seria a ideal.

Portanto, considere esta análise. Examine os dados e fundamentos disponíveis e reconheça que, em muitos momentos, a simplicidade é a melhor estratégia. Entretanto, é essencial permanecer atento e preparado para ajustar sua abordagem quando o cenário econômico mudar.

Por fim, vale lembrar: esta análise é válida especialmente para quem ainda mantém recursos investidos em reais. Estar conectado às mudanças e agir no momento certo são as chaves para uma gestão financeira bem-sucedida.

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*Bruno Corano é empresário, investidor, economista formado pela UPENN – Universidade da Pennsylvania, sócio controlador da Corano Capital NYC, maior gestora privada brasileira nos EUA.