UBS sugere aposta no real, mas Sobral, do Santander, vê risco à moeda com commodities em queda

Agência Brasil
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Embora a média das projeções do mercado financeiro aponte para uma relação entre real e dólar próxima da atual ao longo de 2024, equipes do UBS e do Santander Brasil mostraram visões divergentes sobre as perspectivas para o câmbio, de olho no desempenho das transações correntes do país, segundo relatórios vistos pela Mover.

O time analistas do UBS recomendou a compra no curto prazo do real ante o dólar americano, estabelecendo preço-alvo de R$4,80, diante de um “carry trade” atrativo para a divisa local. Na visão da instituição, o “carry” é favorecido por finanças externas “boas” e um progresso em reformas estruturais.

Com visão oposta, o responsável pela área de mercados da tesouraria do Santander Brasil, Sandro Sobral, avaliou que os argumentos de muitos economistas para justificar um real mais forte ante o dólar são “um pouco pobres”.

Para Sobral, a dinâmica favorável projetada para as transações correntes do país baseia-se principalmente na continuação do “boom” das commodities, situação sob a qual o Brasil “não tem controle”, e que já mostra sinais de fraqueza de preços, principalmente em produtos agrícolas e no petróleo.

Um cenário de moderação nos valores das matérias-primas poderia causar uma potencial “mudança estrutural” para o real, acrescentou o especialista do Santander. Para ele, inclusive, o resultado da balança comercial nunca foi um “argumento sólido” para explicar o comportamento da divisa local.

Na avaliação do UBS, por outro lado, a última reprecificação das perspectivas para os juros na economia americana e uma força ampla do dólar melhoram o risco-retorno de apostas na valorização do real. Eles sugerem uma trava para perdas na operação se o dólar atingir R$5,12.

O UBS notou, entretanto, que eventual novo período de “excepcionalismo” da atividade norte-americana, que resulte em um Federal Reserve mais “hawkish”, ou seja, com política monetária mais restritiva, é um dos fatores de risco para a montagem de operação.

Eventual fraqueza na atividade econômica global e uma aceleração no ritmo de corte da Selic pelo Comitê de Política Monetária também são fatores que poderiam prejudicar uma operação comprada no real, advertiu o UBS.