Juros dos EUA deixam investidores cautelosos

China, BC, commodities e guerra seguem no radar

Reuters News Brasil
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Por: Leandro Tavares

 

As bolsas internacionais iniciam o primeiro pregão da semana em baixa, com incerteza sobre a trajetória de juros nos Estados Unidos, além das dúvidas sobre a evolução da guerra entre Israel e Hamas, que deixam os investidores apreensivos. No Brasil, destaque para a divulgação do boletim Focus e falas de diretores do Banco Central em eventos. 

A afirmação do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na semana passada, de que altas adicionais de juros e o tempo de restrição dependerão de dados futuros, continua a reverberar nos mercados. Os Treasuries americanos de dez anos superam os 5,000%, renovando máximas desde de 2007. 

O petróleo opera em queda. A tensão entre Israel e o grupo terrorista Hamas ganhou aliviou aparentemente no fim de semana, o que permitiu a entrada da ajuda humanitária na Faixa de Gaza. 

Na Ásia, os mercados encerraram no vermelho, de olho na guerra do Oriente Médio e na trajetória dos juros nos EUA. Na China, além da crise do setor imobiliário, os agentes se atentam a uma investigação contra a Foxconn, principal fornecedora da Apple na região, que pode ter contornos políticos. As ações da companhia sofreram um tombo de 10%. 

Na Europa, em dia de agenda econômica fraca, os mercados operam em baixa. Às 11h, será divulgada a prévia da confiança do consumidor de outubro da zona do euro. A expectativa é de uma queda de 18,20 pontos, pior que no mês anterior. 

Nos Estados Unidos, o único destaque econômico é o índice de atividade nacional de Chicago de setembro. 

No Brasil, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulga, às 8h, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da terceira quadrissemana de outubro. A partir das 8h25, o BC divulga as projeções do mercado para a economia, que já deve refletir a decisão da Petrobras de reajuste dos combustíveis. 

Na agenda do dia, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, participa, às 15h, de um evento promovido pelo Grupo Estado, enquanto às 19h30, o diretor de política monetária da instituição, Gabriel Galípolo, participa de uma palestra na PUC, em São Paulo.   

Em Brasília, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, retorna de viagem e pode acelerar o ritmo de tramitação do projeto de lei (PL) que taxa fundos offshores e exclusivos. Há acordo para votar o texto nesta terça-feira. 

Na sexta-feira, o Ibovespa encerrou em queda, diante da cautela global e pressão de Vale e Petrobras. No mercado de câmbio, o dólar fechou em baixa, com o contínuo movimento dos investidores em busca de proteção. 

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MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam em queda de 0,64%, 0,75% e 0,95%, respectivamente. 

O Índice Stoxx Europe 600 caía 0,84%, enquanto o índice alemão DAX tinha queda de 0,97% e o britânico FTSE-100 caía 0,77%. Entre os setores, destaque para o segmento de utilities, que caía 1,60%. 

O dólar americano operava em alta em comparação aos pares. O DXY tinha elevação de 0,06%, aos 106,219 pontos. No geral, as moedas operam sem direção única, com destaque para o rand sulafricano, que caía 0,20%. 

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dez anos, ou T-Notes, operavam em alta de 9 pontos-base, a 5,017%.  

Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong não operou devido a feriado local, enquanto Xangai Composto teve baixa de 1,47%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, recuou 0,83%. 

O minério de ferro com teor de concentração de 62%, negociado na bolsa de Dalian, caía 2,45% às 6h, cotado a US$114,03 por tonelada. 

O petróleo tipo Brent, que serve como referência para a Petrobras, operava em baixa de 0,30%, a US$91,88 por barril.

O Bitcoin tinha alta de 1,93% nas últimas 24 horas, a US$30.491,00; o Ethereum subia 2,43% no mesmo período. 

MERCADOS LOCAIS

Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir em baixa, em linha com o exterior, diante do sentimento generalizado de cautela. Segundo o BB Investimentos, o índice tem suporte mínimo em 111.000 pontos e resistência máxima em 119.900 pontos.

Câmbio: O dólar futuro deve abrir em alta, com os investidores em busca de proteção, avaliando as incertezas econômicas e geopolíticas. 

Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem operar em alta. Os juros futuros nos EUA operam em alta, em meio às persistentes incertezas sobre a trajetória de juros nos EUA.  

DESTAQUES

Na Argentina, os candidatos Sergio Massa, atual ministro da Economia, e o ultraliberal Javier Milei, vão disputar o segundo turno das eleições presidenciais, marcado para o dia 19 de novembro. Além dos finalistas, que tiveram 36,70% e 30% dos votos, respectivamente, ainda participaram do pleito Patricia Bullrich, que teve 23,83%, Juan Schiaretti, com 6,78%, e Myram Bregman, com 2,70%. (Agências) 

Medo de imposto sobre herança faz disparar doação de bens. Projeto em discussão prevê alíquota progressiva; número de doações em vida aumenta 22% desde julho. (Estadão)

Aliados pressionam Lula por ampla reforma ministerial até o início de 2024. O Ministério da Saúde e as pastas responsáveis pela articulação política são objeto de cobiça. (Valor) 

Orçamento represado. Com maior espaço para despesas este ano, os ministérios não conseguem gastar R$27,4 bilhões. (O Globo) 

Preços da Shein mudam, e mercado vê impacto para concorrentes da B3. Pesquisa mostra que diminui a diferença de preços entre o e-commerce chinês e as varejistas brasileiras; analistas apontam as ações que podem ganhar com esse cenário. (Estadão)  

Em meio às negociações para a construção do texto final da Reforma Tributária que está tramitando no Senado, o secretário Extraordinário do projeto, Bernard Appy, avalia que quanto maior for a lista de setores com alíquotas ou regimes diferenciados, menor será o ganho em capacidade de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo ele, a reforma pode elevar o PIB potencial em até 20 pontos percentuais nos 15 anos seguintes à aprovação do texto. Contudo, as exceções da Reforma Tributária podem reduzir esse aumento do PIB potencial em 15%. (Mover) 

EUA temem escalada da guerra. O secretário de Estado americano, Anthony Blinken, disse que o país está pronto para responder de forma decisiva a grupos apoiados pelo regime do Irã que atacarem seus soldados. (Valor)

 O presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou na sexta-feira que embora a inflação ainda se encontre em patamar muito elevada, ela está recuando, na esteira de sinais de uma desaceleração da atividade econômica, o que abre espaço para um alívio nas taxas de juros ao fim de 2024. (CNBC)

Autoridades do Federal Reserve têm ampliado a visão de que a elevação dos yields das Treasuries, que tem endurecido as condições financeiras, pode estar menos atrelada às expectativas de altas adicionais dos juros pelo Federal Reserve, e sim sobre uma série de outros fatores. Um desses fatores pode ser o prêmio de risco. (Reuters)

O presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, afirmou na sexta-feira que a autoridade monetária irá ser “paciente” em manter os juros em nível ultra baixo e responderá de forma ágil aos desenvolvimentos econômicos e de preços. Também de acordo com ele, há uma incerteza “extremamente alta” sobre o panorama econômico. (Reuters)

(LT | Colaboração de Gabriel Ponte | Edição: Machado da Costa | Arte: Vinicius Martins | Comentários: equipemover@tc.com.br)