Brasília, 29/1/2025 – O Comitê Federal do Mercado Aberto (FOMC) manteve os juros inalterados nesta quarta-feira, no intervalo entre 4,25% e 4,50%, em decisão unânime e em linha com expectativas do mercado, mas retirou trecho presente no comunicado de dezembro, em que pontuava que a inflação realizou “progresso” em direção à meta perseguida, de 2,0%.
Os índices acionários operavam em firme queda após a decisão, com o mercado apostando majoritariamente que as taxas serão mantidas também na próxima reunião, em março. Em comunicado, o FOMC voltou a afirmar que a inflação permanece “de alguma forma elevada”, enquanto o desemprego se estabilizou em “baixo nível” nos meses recentes. Em dezembro, a taxa de desemprego recuou a 4,1%.
O FOMC pontuou, na decisão, que a atividade econômica continuou a se expandir em “ritmo sólido”, enquanto as condições de mercado de trabalho seguem “sólidas”. O FOMC também afirmou que, ao considerar a extensão e timing de ajustes adicionais para a taxa-alvo, levará em consideração dados econômicos, a evolução das perspectivas e o balanço de riscos.
O comitê também repetiu afirmação de que os riscos para alcançar seu duplo mandato estão “aproximadamente em equilíbrio”, enquanto a perspectiva econômica é “incerta”. O FOMC disse estar “fortemente comprometido” em apoiar o pleno emprego e em retornar a inflação à meta de 2%. O colegiado também disse que estaria “preparado” para ajustar o nível da política monetária se surgirem riscos que possam atrapalhar o atingimento das metas.
Mas, em coletiva de imprensa, Powell adotou um tom visto como mais suave, ao comentar que a taxa-alvo Fed Funds encontra-se “significativamente” acima do nível neutro, aquele que não estimula nem contrai a atividade econômica.
“Na contramão do comunicado da decisão, Powell adotou um tom mais dovish na coletiva, buscando amenizar a mudança na comunicação sobre a inflação, e disse que os juros estão acima do neutro, sugerindo que ainda há um grande espaço para cortes, sedimentando o tom dovish da entrevista”, avaliou o economista-Chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi.
Por volta das 16h10, os índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 recuavam 0,42%, 0,69% e 0,49%, respectivamente. No mesmo horário, as Treasuries yields de dois e dez anos subiam 6,2 pbs e 4,9 pbs, a 4,259 e 4,581%, na mesma ordem. Derivativos negociados na Chicago Mercantile Exchange (CME) projetavam 71,6%, de chances de manutenção dos juros em março.
Já a nível local, no mesmo horário, o Ibovespa recuava 0,21%, e o dólar futuro avançava 0,19% a R$5,876. Os vértices da curva de juros subiam até 5,5 pontos-base.
TRUMP
Apesar da insistência de jornalistas, logo no início da coletiva de imprensa após a decisão, Powell declinou comentar qualquer questionamento envolvendo os pedidos do presidente americano Donald Trump por juros mais baixos, e revelou que não teve nenhum encontro com o novo presidente.
Powell disse que a política monetária se encontra em “bom local”, e que o colegiado está em modo de “esperar para ver” a regulamentação das políticas econômicas prometidas por Trump. Powell voltou a frisar que o colegiado quer observar uma “série de leituras” que apontam para progresso adicional da inflação à meta de 2%.
Investidores agora voltam as atenções no after market para a divulgação dos resultados trimestrais de Meta, Microsoft e Tesla. Ao fim da sessão, os papéis da Meta avançaram 0,37% enquanto Microsoft e Tesla recuaram 1,22% e 2,51%, respectivamente.
A reunião deste mês também contou com a tradicional rotação anual de membros votantes do colegiado. Saíram Thomas Barkin, do Fed de Richmond, Raphael Bostic, do Fed de Atlanta, Mary Daly, do Fed de São Francisco e Beth Hammack, do Fed de Cleveland. Entraram, respectivamente, Susan Collins, do Fed de Boston, Austan Goolsbee, do Fed de Chicago, Alberto Musalem, do Fed de St. Louis, e Jeffrey Schmid, do Fed de Kansas City.
(GP | Edição: Equipe Mover | Comentários: equipemover@tc.com.br)