Por Reuters
França e Espanha ainda estavam em desacordo sobre o prazo para a conclusão de um acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, enquanto os ministros europeus do Comércio se reúnem na Espanha nesta sexta-feira, com o pacto há muito adiado com o bloco sul-americano no topo da agenda, disseram autoridades de ambos os países.
Madri considera que fechar o acordo com o bloco sul-americano — formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai — após 20 anos de espera, é um “objetivo prioritário” para a UE, enquanto a Espanha ocupa a presidência rotativa do bloco até o final do ano.
“Chegamos ao ponto de tomar decisões”, disse o ministro do Comércio da Espanha, Héctor Gómez, à Reuters, na véspera da reunião.
Mas a França, historicamente relutante em relação a acordos de livre comércio, argumenta para que não se apresse as negociações e que continuem as conversas.
“Precisamos de mais tempo para chegar a esse acordo para ter certeza de que podemos responder às perguntas do Mercosul e para que possamos ter garantias sobre os padrões ambientais de que precisamos. É importante que tenhamos tempo”, disse o ministro do Comércio da França, Olivier Becht, a repórteres nesta sexta-feira, antes de entrar na reunião da UE.
O acordo está suspenso desde 2019, em grande parte devido às preocupações europeias com o desmatamento da Amazônia e à resposta lenta do Mercosul a um adendo da UE que propõe salvaguardas ambientais.
“As negociações são semanais… o diálogo é permanente”, disse Gómez, que considerou positivo o fato de o texto principal do acordo não ter sido reaberto para revisão e de apenas o chamado “instrumento adicional” estar sendo discutido.
A União Europeia aguardava desde março a resposta do Mercosul para anexar compromissos de sustentabilidade e clima, e o bloco sul-americano acabou apresentando uma contraproposta de uma página que serviu de base para as discussões em reuniões presenciais recentes em Brasília.
Dezenas de ativistas ambientais se reuniram do lado de fora do local, na cidade de Valência, no leste da Espanha, antes do início da reunião, para exigir transparência nas negociações e para evitar qualquer impacto nas mudanças climáticas decorrente de exportações adicionais em um acordo de livre comércio.