CEO cita planos de investir em mídia

Dimon, do JPMorgan, vê secretário do Tesouro, Bessent, como 'adulto na sala' no governo Trump

Dimon, do JPMorgan, vê secretário do Tesouro, Bessent, como 'adulto na sala' no governo Trump

Brasília, 15/4/2025 – O CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, afirmou nesta terça-feira que a guerra comercial lançada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, arrisca minar a credibilidade de “excelência dos EUA”, e citou o secretário do Tesouro, Scott Bessent, como a “pessoa certa” para liderar as negociações comerciais com outros parceiros, qualificando-o como o “adulto” na sala na atual administração.

Os comentários do executivo, em entrevista ao Financial Times, vêm após reportagem da CBS News publicada pela manhã, segundo a qual Bessent teria discutido com o assessor comercial da Casa Branca, Peter Navarro, antes da divulgação da política tarifária dos EUA, sugerindo que poderia haver tumulto no mercado com as medidas.

Pouco depois do “Dia da Libertação”, em que Trump anunciou tarifas recíprocas sobre parceiros comerciais dos EUA, o empresário Elon Musk, CEO da Tesla e parte do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) do governo americano, chegou a chamar Navarro de “retardado”.

Dimon disse que conhece Bessent “um pouco” e acredita que o ex-gestor de hedge funds seja um “adulto”, expressando confiança de que ele possa liderar a economia dos EUA em meio ao período de turbulência visto. “Eu não concordo com tudo que este governo esteja fazendo. Então não estou discutindo esse ponto. Mas acho que ele (Bessent) é o cara que devia provavelmente negociar esses acordos comerciais.”

Segundo a reportagem da CBS, Navarro teria insistido para que Trump fosse mais agressivo com as tarifas. O assessor também adotou tom mais duro ao falar sobre as políticas comerciais dos EUA em entrevistas, destacando necessidade de reduzir o déficit comercial americano.

Após o anúncio das medidas tarifárias, que de fato geraram tumulto nos mercados financeiros, Trump anunciou alguns recuos, como isenções temporárias para chips e telefones. Para Dimon, do JPMorgan, o excesso de incerteza gerado pelo governo coloca em xeque a chamada tese do “excepcionalismo americano”, segundo a qual seria praticamente obrigatório para investidores colocar dinheiro nos EUA, diante das vantagens econômicas do país e prosperidade de suas empresas.

“Muita incerteza está desafiando isso um pouco (excepcionalismo dos EUA). Então você ficará lendo sem parar sobre isso até que, esperançosamente, essas tarifas e guerras comerciais se acalmem e desapareçam, de forma que as pessoas digam: ‘posso confiar nos EUA'”, afirmou Dimon ao Financial Times.

CHINA

Na visão de Dimon, não há no momento engajamento entre EUA e China em tratativas comerciais. “Não é preciso aguardar um ano. O engajamento pode começar amanhã”, defendeu.

Mais cedo, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse a jornalistas que “a bola está no campo da China” e que eles é que deveriam buscar um acordo com os EUA. “Eles querem nossos consumidores. Eles precisam de nosso dinheiro”.

Para Dimon, do JPM, os EUA deveriam também buscar acordos negociados com outros parceiros comerciais como Europa, Reino Unido e Japão, como forma de ter um “forte relacionamento econômico”.

Questionado sobre o selloff visto nos mercados acionários após o “Dia da Libertação”, em 2 de abril, Dimon afirmou que as agitações foram “desordenadas a ponto de terem sido um movimento rápido”, embora a maioria dos mercados “esteja bem”. “Os mercados são muito voláteis, e isso assusta as pessoas.”

DIMON NA MÍDIA?

Questionado sobre sua sucessão no banco, Dimon afirmou que as qualidades cruciais que irá buscar para o próximo presidente-executivo do JPM serão: coragem, curiosidade, força, coração e capacidade. De acordo com ele, todos os potenciais candidatos para o posto possuem essas características em “graus diferentes”.

Dimon também afirmou que, ao deixar a instituição financeira, pode se concentrar em um negócio voltado à mídia. “Pode ser um competidor ou auxiliador (do Financial Times). É algo que eu penso que todos os jornais deveriam estar fazendo. Mas não vou te contar o que é neste momento.”