São Paulo, 30/09/2024 – A conta de luz deve seguir mais cara até o fim do ano pela cobrança das chamadas bandeiras tarifárias, que podem se manter no patamar vermelho nível 2 também em novembro e até em dezembro, colocando pressão adicional sobre a inflação e o Banco Central, projetou a Esfera Energia, da Auren.
A bandeira vermelha 2, que eleva o custo da energia em R$7,87 a cada 100 kilowatts-hora consumidos, já foi anunciada para outubro pela Agência Nacional de Energia Elétrica, depois de acionada a vermelha patamar 1 em setembro e bandeira amarela em julho.
“A projeção para novembro é continuar no vermelho patamar 2, e em dezembro cairia para patamar 1. Mas está no limite entre as duas faixas, qualquer piora no cenário hidrológico já vai para patamar 2 (em dezembro)”, disse à Mover o gerente de Monitoramento Estratégico da Esfera, Daniel Ito.
O tema das bandeiras tarifárias, que têm o acionamento ligado ao cenário de chuvas, devido à preponderância de hidrelétricas na matriz brasileira, passou mais recentemente a ser um dos principais pontos de atenção para o Banco Central nas projeções de inflação, dado que até pouco tempo atrás BC e mercado trabalhavam com projeções de bandeira amarela na reta final do ano, e não vermelha.
Em evento na quinta-feira, o diretor do BC Diogo Guillen disse que a projeção de IPCA para setembro foi revista para cima, sob pressão principalmente pela bandeira tarifária na energia, que foi o fator preponderante a pesar no IPCA-15 de setembro, segundo o IBGE.
As chuvas na região das hidrelétricas em setembro estão em apenas 52% da média, de 57% em agosto. “Esses últimos meses foram os piores do histórico”, disse Ito, da Esfera.
O cenário de seca também tem apoiado os preços no mercado de eletricidade, que subiram 1,7% na semana passada e acumulam variação anual positiva de 61,5%, segundo a consultoria DCIDE. Analistas do Bank of America avaliaram em relatório que a Eletrobras é a principal ação para investidores que queiram apostar na continuidade dessa tendência, vendo a elétrica como um bom “risco-retorno” no atual cenário de incertezas macroeconômicas.
(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)