Haddad mostrou preocupação com EUA x China

China toma medidas para estabilizar mercado local antes de tarifas de Trump; BC promete apoio, estatais recompram ações

China toma medidas para estabilizar mercado local antes de tarifas de Trump; BC promete apoio, estatais recompram ações
Grok/X

São Paulo, 08/4/2024 – Horas antes da entrada em vigor de uma mega tarifa aprovada pelo presidente americano Donald Trump sobre importações de produtos chineses, a China lançou mão de diversas medidas para “estabilizar o mercado de capitais e restaurar a confiança do consumidor”, segundo publicação da agência estatal de notícias Xinhua nesta terça-feira (8/4). As taxas dos Estados Unidos sobre produtos chineses subirão para até 104% após a meia-noite, com efeito de tarifas “recíprocas” e depois retaliatórias.

Trump havia prometido tarifas de importação adicionais sobre a China de 34%, segundo ele “recíprocas”, mas colocou um adicional de 50% depois que os chineses retaliaram, impondo mesma sobretaxa para itens dos EUA. O presidente americano disse que estava pronto para fazer um acordo com Xi Jinping, e que para isso bastaria uma ligação, mas a resposta da China, por enquanto, veio com medidas e palavras que mais parecem preparação para uma guerra.

O Banco Central da China prometeu “salvaguardar resolutamente a operação estável do mercado de capitais”, enquanto a empresa pública de investimentos Central Huijin aumentou participação em fundos negociados em bolsa, e diversas companhias estatais aprovaram programas de recompras de ações, incluindo a China National Petroleum Corporation (CNPC) e a China Huaneng Group, de energia elétrica, que estão entre algumas das maiores empresas do país.

Ontem (7/4), um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores disse que a China “está pronta para lutar até o fim se os EUA insistirem em travar uma guerra tarifária ou comercial”, em declarações divulgadas pela agência estatal de notícias Xinhua. Dado o forte aparato de censura do Partido Comunista Chinês sobre a imprensa, veículos de mídia públicos são vistos praticamente como porta-vozes informais do governo de Xi Jinping.

Hoje à tarde, Trump disse que buscava se acertar com o país de Xi. “A China também quer fazer um acordo, muito, mas eles não sabem como iniciar isso. Estamos esperando por uma ligação deles. Vai acontecer!”, escreveu ele em sua rede social, Truth Social.

Na véspera, o porta-voz da China, Lin Jian enfatizou que “o povo chinês não causa problemas, mas também não tem medo deles”. “Pressionar, ameaçar e chantagear não são as formas corretas de lidar com a China”, avisou. Em paralelo, a Xinhua noticiava que a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, principal órgão de planejamento econômico disse que acelerará políticas de apoio ao setor privado, e que o órgão se reuniu com empresas “para solicitar suas opiniões e sugestões sobre o desenvolvimento econômico, bem como a resposta às tarifas adicionais dos EUA”.

 

O ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, mostrou hoje grande preocupação com a crescente disputa tarifária entre EUA e China e a falta de sinais de trégua, que estressou pesadamente os mercados nesta tarde. “Como vai terminar essa escalada diária entre Estados Unidos e China?”, questionou Haddad durante participação em evento do Bradesco BBI em São Paulo.

Embora mostrando otimismo com e economia brasileira, e falando em crescimento do PIB este ano próximo de 2,5%, Haddad alertou que uma turbulência global poderia afetar o país, principalmente em decorrência dos laços com a China, maior parceiro comercial. “Quando você afeta a China, vai afetar o Brasil”, disse.

O Ibovespa encerrou em queda de 1,32%, a 123.931 pontos, em linha com Wall Street– os índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 fecharam em baixa de 0,84%, 1,57% e 2,15%, respectivamente.Os índices acionários chegaram a mostrar recuperação no começo do dia, mas desmoronaram no início da tarde, após a Casa Branca confirmar que a China não respondeu a um pedido de manifestação sobre recuo na retaliação às tarifas de Trump.

De acordo com o Dow Jones Market Data, foi a maior destruição de ganhos já vista para o Nasdaq Composto ao menos desde 1982. Já para o S&P500, foi a maior implosão de ganhos desde 2008. Antes, índices ensaiavam uma forte recuperação, com o Nasdaq Composto avançando até 4,57% na sessão e o S&P500, 4,05%.