São Paulo, 28/03/2025 – O Brasil é o país “mais complicado” do mundo para se fazer negócios entre aqueles onde a JBS possui operações. O sistema tributário brasileiro é um “manicômio” e tende a “piorar” durante a fase de transição da atual reforma, afirmou o sócio e conselheiro da JBS, Wesley Batista, durante um evento da Arko Advice com a Galapagos Capital.
Fundada em 1953, a JBS está presente em mais de 20 países, com mais de 450 unidades produtivas e escritórios comerciais espalhados pelos Estados Unidos, Austrália, China, África do Sul e outros mercados.
“O Brasil é o lugar mais complicado do mundo para fazer negócios, entre todos os países onde operamos. O sistema tributário brasileiro é um manicômio, e essa transição – nem sei um nome pior do que manicômio – vai piorar ainda mais até ser concluída. É algo insano: judiciário, legislação trabalhista, tributação, guerra fiscal… um cenário extremamente complexo”, resumiu Batista.
Segundo ele, o país precisa de uma agenda clara de desburocratização e simplificação, com envolvimento do Executivo, Legislativo e Judiciário.
“Costumo dizer… Fui para os Estados Unidos quando compramos uma empresa lá em 2007, tive a oportunidade de me mudar para lá, e sempre falo para empresários brasileiros: se você conseguiu se virar aqui, pode ir para lá que não tem erro”, afirmou.
“Eu achava que sabia o que era ‘Custo Brasil’. Mas, na verdade, eu não tinha a menor ideia. Quando cheguei aos Estados Unidos, entendi. Temos uma operação lá com 70 mil funcionários e mais de 60 fábricas. Onde há fábrica, há desafios trabalhistas, sociais e ambientais. No entanto, nosso departamento jurídico nos EUA tem apenas oito pessoas. E não há uma única ação trabalhista ou tributária, nem disputas fiscais entre estados”, comparou.
MERCADO DE CARNES
O empresário, que retornou ao conselho da JBS em março de 2024, ao lado do irmão Joesley Batista, defendeu o agronegócio, argumentando que o setor não é responsável pela inflação dos alimentos.
“O agronegócio brasileiro, se olharmos os últimos 20 anos – nem preciso ir muito além –, deu um salto gigantesco em tecnologia e produtividade. Eu comecei no setor de carne bovina há 35 anos e, se comparo aquele período com o cenário atual, a evolução é impressionante”, destacou.
Batista também afirmou que o Brasil tem conquistado “aberturas relevantes de mercado para todas as proteínas” – suína, bovina e de aves.
Após o presidente Lula declarar nesta semana que tem esperanças de abrir o mercado japonês para a carne brasileira, Batista disse torcer pelo avanço, mas reconheceu que “não é fácil”.
“O Japão é o mercado mais nobre do mundo. Eles valorizam produtos de altíssima qualidade. O Brasil sonha com isso há muito tempo”, afirmou.
Entre os principais desafios para acessar o mercado japonês, segundo ele, está a proximidade do país com os Estados Unidos e a Austrália, seus principais fornecedores.
Nesta sexta-feira, Lula anunciou a abertura do mercado do Vietnã para carne e miúdos brasileiros.
(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)