São Paulo, 03/12/2024 – A Vale está desacelerando a estratégia ligada à transição energética, que mira aumentar a produção de aglomerados de minério de ferro, como briquetes e pelotas, produtos de maior valor agregado por permitirem siderurgia com menores emissões de carbono, revelaram executivos hoje.
No longo prazo, a Vale segue acreditando na importância dos aglomerados e de produtos de alto teor para descarbonizar o setor de aço, mas no curto prazo a indústria está exigindo produtos mais competitivos, de menor custo, disseram diretores da empresa, durante o Vale Day, em Nova York.
“Em minério de ferro há uma leve mudança, ou talvez uma mudança em relação ao que falávamos antes. É claro que os clientes todos querem transição para além dos combustíveis fósseis, mas isso vai levar um tempo. A trajetória de longo prazo está lá, mas precisamos ter certeza de que temos um portfólio resiliente para este momento de mercado”, explicou o novo CEO, Gustavo Pimenta.
A Vale projetava produzir cerca de 100 milhões de toneladas de aglomerados após 2030, número agora cortado para entre 60 milhões e 70 milhões. A alteração foi anunciada junto com a nomeação do vice-presidente de Minério de Ferro, Rogério Nogueira, como VP Comercial e de Novos Negócios.
Ao participar do Vale Day, Nogueira disse que a empresa busca ser um produtor ´flexível´, pois a indústria não está realmente pagando prêmios significativos ou demandando os produtos de maior qualidade no momento. Para atender essa demanda por menores custos, a Vale deverá recorrer à ´blendagem´, ou mistura de seu minério de maior qualidade com outros tipos. “As siderúrgicas estão operando com margens baixas”, afirmou, citando cautela do setor na China, em meio a preocupações macroeconômicas.
“Não é que estamos abandonando a ideia de ser ‘high grade’. Acreditamos que essa é a direção. Mas como navegamos nisso… nossa ideia é não investir em aglomerados à frente do mercado. Vamos investir junto com nossos clientes ou com investidores que estejam indo para a rota de redução direta. Seguindo o ritmo deles”, disse Nogueira.
“Na estratégia de longo prazo, a descarbonização para nós é uma tendência irreversível, e vamos criar a cadeia de suprimento mais competitiva para isso”, acrescentou.
A Vale tem acordos assinados para estudar ´mega hubs´ de plantas de concentração visando aumentar a produção de aglomerados, com parcerias para possíveis unidades em 5 países, além de 7 discussões avançadas com potenciais clientes, dos quais 2 podem tomar decisões finais de investimento já em 2025.
OFERTA E DEMANDA
A dinâmica de oferta e demanda do mercado de minério de ferro deve exigir preços acima dos US$90/t no longo prazo para que minas suficientes sejam capazes de operar para atender às siderúrgicas, disseram os executivos da Vale, projetando depreciação de valores e qualidade no setor.
Até 2030, a Vale espera a exaustão de minas com 320 milhões de toneladas em capacidade, além de fechamento de 150 milhões de toneladas de capacidade em operações com custos acima dos US$90/t. Com isso, a demanda por minério ficaria em 1,54 bi, acima de uma oferta esperada de 1,49 bi em 2030.
(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)