São Pauo, 26/03/2025 – A geradora Eneva, que tem ativos de geração termelétrica e renovável, além de operações de exploração e produção e gás, tem planos de investir em sistemas de armazenamento de energia com baterias, e estuda participar de um leilão do governo para contratação de projetos, afirmou um executivo da companhia em evento setorial.
O uso de baterias na rede elétrica, para guardar excessos de geração solar ou eólica, ou para permitir o adiamento de investimentos em redes de transmissão, tem crescido no mundo, principalmente nos Estados Unidos e China. No Brasil, o governo prevê realizar neste ano uma primeira licitação para empreendimentos com a tecnologia, previsto agora para o segundo semestre.
“Nós na Eneva estamos estudando muito o mercado de baterias. Para nós, faz total sentido nos posicionarmos”, disse o responsável por gestão de projetos renováveis da empresa, Alexandre Oliveira, em conferência promovida pela consultoria Greener em São Paulo, ontem.
A Eneva se prepara no momento para disputar um outro leilão do governo, conhecido como de reserva de capacidade, que contratará projetos termelétricos, em junho. No futuro, porém, é possível que esses leilões passem a contratar sistemas com baterias, avaliou Oliveira, que tem estudado como a tecnologia pode se encaixar nas estratégias da elétrica.
Além da Eneva, a transmissora Isa Energia, que possui um projeto pioneiro de baterias, de 30 megawatts de potência e capacidade de 60 MWh, também estuda participar do certame, enquanto a WEG, de equipamentos elétricos, já afirmou que pretende fornecer sistemas de armazenamento, conhecidos como BESS, para eventuais participantes da disputa.
Empresas como Huawei e BYD também se movimentam para vender baterias para o certame, segundo fontes. As baterias geralmente representam cerca de 75% do investimento necessário para projetos de armazenamento.
EXPECTATIVAS
O governo não revela o volume em projetos de energia com baterias que deve ser contratado, até para preservar a concorrência, mas os agentes de mercado têm expectativa de cerca de 1 gigawatt em capacidade, disse Oliveira, da Eneva. Associações de investidores no setor têm pleiteado um montante maior, de 2GW, para incentivar a tecnologia.
Historicamente, o preço foi sempre a principal barreira para o desenvolvimento desses projetos, mas os valores estão com trajetória de queda, já abaixo dos US$120 por Kwh, segundo Oliveira.
Nos Estados Unidos, o uso tem crescido principalmente na Califórnia, onde a capacidade saltou de 0,5 GW em 2018 para 13 GW no final de 2024, e na China, que já passou de 74 GW, ou 168 GWh.
No Brasil, o mercado de baterias ainda não atingiu 1GW, com cerca de 685 MWh instalados por enquanto, segundo dados da Greener.
Nos últimos 12 anos, o preço global de baterias de lítio para armazenamento de energia despencou 90%, e segue com tendência de queda, disse o CEO da Greener, Marcio Takata, que vê grande potencial para a tecnologia no Brasil, ajudando a compensar a variação de geração de usinas eólicas e solares.
“Em 2025, o preço deve cair 22%. Até 2030, espera-se que o preço da bateria chegue a US$64/kWh (de US$115/kWh em 2024)”, afirmou o consultor.