Por Reuters
O papa Francisco prometeu nesta quarta-feira (2) continuar a “agitar as coisas” na Igreja Católica enquanto avança com reformas e mudanças que podem deixar um legado duradouro.
Francisco, iniciando uma viagem de cinco dias a Portugal, pousou na base aérea militar de Lisboa para uma reunião global de jovens católicos conhecida como Jornada Mundial da Juventude, realizada a cada dois ou três anos em uma cidade diferente.
A viagem de Francisco ocorre à sombra do enorme escândalo de abuso sexual do clero português e das críticas aos altos custos do evento.
Falando a repórteres no avião, Francisco se lembrou de quando pediu a jovens em sua primeira Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, que não sejam complacentes na Igreja, mas façam barulho para serem ouvidos e incutir mudanças.
“Vamos continuar a agitar as coisas”, disse ele.
Francisco promulgou inúmeras mudanças na Igreja desde sua eleição em 2013, às vezes incomodando membros mais conservadores, pois deu mais funções às mulheres e tornou a instituição mais receptiva e menos crítica a alguns grupos, incluindo membros da comunidade LGBT.
O papa, de 86 anos, está fazendo sua primeira viagem desde que passou por uma cirurgia intestinal em junho e usa uma cadeira de rodas e bengala.
Francisco, que parecia em boa forma enquanto caminhava com a ajuda de uma bengala entre a seção de repórteres do avião, disse que espera voltar a Roma no domingo “rejuvenescido por seu encontro com os jovens”.
É o quarto evento do tipo que Francisco participará desde que se tornou papa.
Em seu primeiro discurso, ao presidente português Marcelo Rebelo de Sousa e a diplomatas em um centro cultural, Francisco disse que o mundo está atualmente “navegando em meio a tempestades no oceano da história”, incluindo a guerra na Ucrânia, pedindo que a Europa encontre a solução para ajudar a acabar com ela e outros conflitos.
O evento da juventude em Portugal, país que é cerca de 80% católico, ocorre menos de seis meses depois que um relatório de uma comissão portuguesa disse que pelo menos 4.815 menores foram abusados sexualmente pelo clero — a maioria padres — ao longo de sete décadas.
Espera-se que Francisco se encontre em particular com vítimas de abuso.
Alguns portugueses também criticaram os custos do evento em um dos países mais pobres da Europa Ocidental, onde milhões lutam para sobreviver devido aos baixos salários, inflação e crise imobiliária.