"Fake news" agitou os mercados hoje

Wall Street e Ibovespa caem após sessão volátil e liquidação global nos mercados por tarifas de Trump

Wall Street e Ibovespa caem após sessão volátil e liquidação global nos mercados por tarifas de Trump
Grok/X

São Paulo, 07/04/2025 – Os índices acionários de Wall Street encerraram sem direção definida na sessão desta segunda-feira, em um dia de volatilidade histórica, com idas e vindas nos mercados acionários em razão do noticiário envolvendo a imposição de tarifas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No Brasil, Ibovespa também caiu, embora amenizando perdas durante sessão agitada.

Oscilações tão bruscas não vistas nas bolsas americanas desde ao menos 2020, época da pandemia mundial de Covid-19, de acordo com dados vistos pelo Faria Lima Journal.

Os índices Dow Jones e S&P500 fecharam em quedas de 0,91% e 0,23%, respectivamente, enquanto o Nasdaq 100 avançou 0,10%. O S&P500 chegou a entrar brevemente em território de “Bear Market”, acumulando queda superior a 20% desde topo histórico, em fevereiro de 2025.  O Índice Bovespa encerrou com recuo de 1,32%, aos 125.579 pontos.

De acordo com um levantamento da Dow Jones Market Data, o Dow Jones chegou a avançar 3,4% na máxima intradiária, enquanto recuou 4,7% na mínima – na aior oscilação já vista desde março de 2020. O Dow Jones avançou 2,3% na máxima intradiário, enquanto recuou 4,4% na mínima, também recorde de variação intradiária desde 2020. O Nasdaq composto, por sua vez, subiu 4,5% nas máximas, e recuou até 5,2% nas mínimas, na maior oscilação desde novembro de 2008.

No mercado de bonds, as Treasuries yields de dois anos avançavam 8,4 pbs, a 3,728%, enquanto as de dez anos subiam 14,7 pbs, a 4,145%. Cresce avaliação, entre observadores de mercado, de que o Federal Reserve não deve intervir via corte de juros para conter o ”selloff” significativo nos mercados, em razão de uma inflação ainda acima da meta perseguida, e potencial efeito das tarifas sobre os preços.

‘FAKE NEWS’ FEZ PREÇO

O S&P500 chegou a apagar todas as perdas pouco depois das 11h00 da manhã, e avançou até 3,4%, com uma resposta mal interpretada do conselheiro econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, quando questionado sobre uma possível pausa de 90 dias nas tarifas para todos os países. Hassett concedia entrevista à Fox News.

O frenesi em torno das falas, que foram interpretadas de imediato como adiamento das tarifas, levou o S&P500 às máximas – em uma recuperação de até US$3 trilhões em capitalização de mercado, que depois mostrou-se um engano.

Veículos republicaram em tempo real a fala atribuída a Hassett, citando CNBC como fonte da notícia. A Casa Branca, porém, descartou prontamente o adiamento de tarifas, classificando a afirmação como “fake news”.

A negativa, pela Casa Branca, levou a uma onda de vendas significativa que colocou o S&P500 em território negativo novamente. Cerca de uma hora depois, Trump informou em publicação na Truth Social que caso a China não suspenda até amanhã as tarifas retaliatórias de 34% contra os EUA, aplicará tarifas adicionais de 50% sobre o país asiático.

Ao fim da tarde, em entrevista conjunta com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, Trump afirmou não estar olhando para uma eventual pausa na imposição de tarifas pelos EUA. Ele também pontuou que as tarifas podem ser “permanentes”, como também “negociáveis”. De acordo com o republicano, os EUA têm feito “muito progresso” com uma série de países.

Ainda em torno dessas negociações, Trump afirmou que teve uma boa conversa com o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, afirmando que “parâmetros difíceis, mas justos, estão sendo estabelecidos”. De acordo com a Fox, a Casa Branca tem mudado tom de mensagem para focar em acordos feitos no âmbito das relações comerciais, buscando “acalmar os mercados”.

COMMODITIES

Nos mercados de commodities, futuros do petróleo Brent para entrega em junho recuavam ao fim do dia 1,72%, a US$64,48 por barril, atingindo os menores níveis desde abril de 2021, devido a preocupações de que as últimas tarifas comerciais possam levar economias ao redor do mundo à recessão e reduzir a demanda global por energia.

Os preços futuros do minério de ferro recuaram 3,29% na última madrugada em Dalian, na volta do feriado chines, ajustando-se à liquidação de sexta-feira, pressionado pela guerra comercial global. O BTG manteve previsão de preço do minério em US$95/t na média de 2025, mas projetou correção para US$90/t no segundo semestre.

Mais cedo, em relatório, a Gavekal pontuou que as economias da Europa e da China precisavam ser “mais ousadas”, em termos de estímulos econômicos, para evitar um “tombo global” da atividade. Na visão da Gavekal, é “muito provável” uma recessão econômica nos EUA, embora haja “chance decente” de estímulo da Europa e China.

Também de acordo com a Bloomberg, autoridades da China discutiram, no fim de semana, medidas para estabilizar a economia e os mercados, incluindo potenciais planos de acelerar estímulos para impulsionar o consumo do país asiático.

IBOVESPA 

Em dia de grande “selloff” em diferentes praças globais, o Ibovespa fechou em queda, após uma sessão de grande volatilidade, em uma sessão de queda generalizada entre mercados emergentes.

O Índice Bovespa encerrou com recuo de 1,32%, aos 125.579 pontos. O volume foi de R$21,9 bilhões, acima da média dos últimos 50 pregões, de R$16,1 bilhões.

Os vértices ao longo da curva de juros encerraram em alta de até 9,0 pontos-base. Ao fim da tarde, o dólar futuro operava em alta de 0,81%, cotado a R$5,931. O índice Dólar DXY avançava 0,50%, aos 103,40 pontos.

Mais cedo, de acordo com o Boletim Focus, mediana da projeção dos economistas para o dólar caiu a R$5,90, ante R$5,92 para este ano Já a projeção para inflação em 2025 ficou em 5,65%, enquanto a mediana do PIB, permaneceu em 1,97%. Mediana de projeção para a Selic manteve-se em 15,0%.

No noticiário corporativo, Equatorial Energia confirmou na noite de sexta a venda de ativos de transmissão de energia, por R$9,39 bilhões, incluindo dívidas, em transação bem recebida por analistas, que destacaram a geração de valor do negócio e redução da alavancagem.

Ao fim da sessão, as principais detratoras da sessão foram as PN e ON da Petrobras e as ON da Vale, que recuaram 3,97%, 5,57% e 1,20%, respectivamente.

Os papéis ON da Magazine Luiza, da Petrobras e da Lojas Renner, lideraram entre as quedas percentuais, cedendo 6,37%, 5,57% e 4,19%, na mesma ordem.

Na ponta positiva, destaque para as ON da Natura, da IRB Brasil e as Units do BTG Pactual, que avançaram 2,84%, 2,66% e 1,91%, nesta ordem.

(LB + GP | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)