Fechamento de mercado

Ibovespa cai enquanto dólar e juros avançam com aversão a risco antes de pronunciamento de Lula

Ibovespa cai enquanto dólar e juros avançam com aversão a risco antes de pronunciamento de Lula

São Paulo, 24/2/2025 – O Ibovespa fechou em firme queda no pregão desta segunda-feira, com movimento de aversão ao risco entre os investidores, após governo agendar pronunciamento em rede nacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para hoje à noite. A continua desancoragem de expectativas de inflação e perspectivas de um Caged mais forte tambem pressionaram o mercado.

O Índice Ibovespa encerrou em retração de 1,36%, aos 125.401 pontos, próximo da mínima do dia. O destaque positivo ficou por conta da Azul, que subiu após divulgação de resultados. O volume de negociação da sessão foi de R$14,8 bilhões, abaixo da média móvel dos últimos 50 pregões, de R$16,1 bilhões.

Os vértices da curva de juros encerraram em alta de até 14,5 pontos-base, com ênfase na cauda curta. Ao final da tarde, o dólar futuro operava em alta de 0,72%, cotado a R$5,780, enquanto índice Dólar DXY operava ao fim do dia em alta de 0,07%, aos 106,71 pontos.

A piora do mercado interno se deu após a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto informar que Lula fará hoje um pronunciamento na TV às 20h30. Segundo notícias na mídia, ele vai falar dos programas Pé de Meia e Farmácia Popular. O pronunciamento, que terá duração de dois minutos e 18 segundos, ocorre após pesquisas recentes apontarem uma forte queda na popularidade.

O mau humor do mercado tambem se deu por conta de declarações do ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, antecipando que foram criadas mais de 100 mil vagas formais de emprego no Brasil em janeiro, o que favorece a leitura de que pode não haver tanto espaço para desaceleração da alta de juros.

Operadores tambem reagiram às novas projeções dos economistas divulgadas pelo Boletim Focus, que por mais uma semana apontou para contínua desancoragem de expectativas para inflação em 2025 e 2026. A mediana das projeções para IPCA em 2025 passou de 5,60% para 5,65% pela 19° semana consecutiva de alta, enquanto para 2026 a estimativa subiu pela 9° semana, de 4,35% para 4,40%.

Por outro lado, a previsão para o dólar em 2025 teve uma leve queda, de R$ 6,00 para R$ 5,99, no primeiro recuo das projeções desde a primeira semana de janeiro de 2024. Já a mediana para taxa Selic e para o Produto Interno Bruto (PIB) ficaram estáveis em 15% e 2,01%, respectivamente, neste ano.

Mercado também reagia ao balanço do quarto trimestre da Azul, que reportou lucro ajustado de R$62,4 milhões, e EBITDA de R$1,95 bilhão. Genial destacou bom desempenho operacional e guidance para EBITDA 2025 de R$7,4 bi, acima do previsto. Depois do fechamento da bolsa, é a vez de companhias incluindo MRV, Alpargatas, Vibra, Auren e Grupo Mateus divulgarem resultados.

Ao fim da sessão, as principais detratoras da sessão foram as ON da Vale, da B3 e da Weg, que cederam 0,91%, 3,39% e 2,64%, respectivamente.

Os papéis ON da Azzas, da Vamos e da MRV, lideraram entre queda percentual, recuando 7,45%, 6,93% e 6,79%, na mesma ordem.

Na ponta positiva, destaque para as PN da Azul, as ON da Embraer e as ON da BB Seguridade, que subiram 4,13%, 1,54% e 1,24%, nesta ordem.

Nos mercados de commodities, os futuros do Brent para entrega em abril avançavam ao fim do dia 0,51%, a US$74,81 por barril, com novas sanções dos EUA ao Irã e o compromisso de compensar a superprodução do Iraque aumentando as preocupações com a escassez de oferta no curto prazo, ajudando o mercado a recuperar as perdas acentuadas de sexta-feira.

Os preços futuros do minério de ferro recuaram 0,77% na última madrugada na bolsa de Dalian, interrompendo sequência de quatro dias de alta, à medida que a maior taxação sobre o aço chinês piorou as perspectivas de demanda pela matéria-prima o, embora a diminuição dos estoques na China tenha limitado a queda.

 

BOLSA EUA

Os índices acionários americanos encerraram sem direção definida na sessão, à medida que investidores calibram expectativas para uma semana repleta de dados econômicos, enquanto reagem a novas notícias sobre os planos tarifários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Os índices S&P500 e Nasdaq 100 fecharam em quedas de 0,50% e 1,21%, respectivamente, enquanto o Dow Jones avançou 0,08%. As Treasuries yields de dois anos perdiam 2,3 pbs, a 4,175%, enquanto as de dez anos recuavam 3,1 pbs, a 4,400%.

Durante coletiva de imprensa nesta tarde, Trump reiterou que tarifas recíprocas contra a Europa seguem conforme os planos e que outras tarifas sobre o Canadá e o México estão avançando rapidamente.

Entre as ações, a Apple anunciou nesta manhã que planeja investir US$500 bilhões nos EUA nos próximos quatro anos. A companhia planeja participar da construção de uma fábrica de 23 mil metros quadrados até 2026 que será dedicada a servidores de inteligência artificial e que adicionará cerca de 20 mil empregos.

Com relação a dados econômicos, operadores calibram expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre que será divulgado na quinta-feira e principalmente para o índice de inflação PCE, indicador de inflação preferido do Fed, que será divulgado na sexta-feira e deve calibrar as projeções sobre o momento da retomada dos cortes de juros pelo Fed neste ano.

De acordo com os analistas do UBS, as ações americanas ainda devem registrar altas daqui para frente, mesmo com a iminente ansiedade em relação ao plano tarifário de Trump.

“Antecipamos mais volatilidade em meio a preocupações com tarifas, mas continuamos esperando que o S&P500 possa atingir os 6.600 até o final do ano”, disseram os analistas.

 

(LB | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)