Ação da Eneva caiu com risco de ficar fora de leilão

Governo ajusta regras para leilão de energia, contemplando Eneva

Governo ajusta regras para leilão de energia, contemplando Eneva

São Paulo, 6/1/2024 – O governo federal publicou hoje ajustes em regras propostas para um leilão de energia previsto para 27 de junho, o que na prática permitirá que a Eneva participe da disputa em busca de novos contratos para o complexo de Parnaíba. A alteração vem após as ações da Eneva terem despencado na semana passada, em reação extremamente negativa à divulgação de regras que restringiriam a entrada da empresa no processo.

As ações da Eneva chegaram a cair mais de 10% na quinta-feira, quando o governo publicou originalmente as regras para o chamado leilão de reserva de capacidade, que comprará energia de termelétricas e de projetos de expansão de hidrelétricas. Na ocasião, o mercado avaliou que o formato da licitação impediria a Eneva de recontratar Parnaíba, que tem 1,9 gigawatt em capacidade cujos contratos encerram no final de 2027.

Logo na sequência, começaram a circular rumores de que o governo ajustaria as regras para o leilão, e os papéis da Eneva chegaram a ter recuperação parcial na sessão de sexta-feira, constituindo maior alta percentuais entre papéis do Ibovespa, ao subirem 5,45%.

Em meio à forte oscilação das ações, o conselho da Eneva se reuniu no domingo e aprovou um programa de recompra de até 50 milhões de ações– equivalentes a 2,587% do total de papéis, sinalizando visão de que papéis estão negociados de forma subavaliada nos preços atuais. As operações poderão ocorrer em até 18 meses.

“O Programa de Recompra visa maximizar a geração de valor para o acionista por meio de uma administração eficiente da sua alocação de capital, considerando o potencial de rentabilidade de suas ações, de forma a proporcionar maiores retornos futuros para seus acionistas”, justificou a empresa, segundo ata da reunião, divulgada ontem.

A portaria publicada hoje pelo Ministério de Minas e Energia, no Diário Oficial da União, permite que termelétricas existentes, como o complexo Parnaíba, da Eneva, participem do leilão para entrega de energia a partir de 2028, 2029 e 2030. Antes, essas usinas só poderiam participar em produtos com início de entrega em julho de 2025, 2026 ou 2027, o que seria um entrave para a Eneva, cujos contratos atuais vencem em dezembro de 2027.

As novas regras também alteraram o período de suprimento dos empreendimentos existentes de sete para 10 anos.

Além de Eneva, a Petrobras já afirmou que pretende inscrever projetos no leilão, incluindo para venda de energia de usinas existentes e para viabilizar uma nova termelétrica no Complexo de Energias Boaventura, em Itaboraí, no Rio de Janeiro. Espera-se também participação da Âmbar, braço de energia da J&F Investimentos.

O leilão também permitirá participação de projetos de expansão de hidrelétricas, e empresas como Eletrobras, Copel e Engie já manifestaram publicamente interesse em participar.